Museu Engenho Poço Comprido – Vicência

Se você gosta de história, cultura e patrimônio cultural, aproveite para ouvir e conhecer o Museu Poço Comprido – situado na zona rural de Vicência, na Zona da Mata Norte do Estado, distante 88 km do Recife. O equipamento, tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, é o único remanescente do século XVIII em Pernambuco. O espaço é um importante espaço de memória, registro e salvaguarda da cultura afro-indigena brasileira, que reconta a história do açúcar e do povo originários

ROTEIRO – 4 – MUSEU ENGENHO POÇO COMPRIDO – VICÊNCIA

Josi Marinho – O Podcast Nossa História, Nossa Memória é realizado com o incentivo do Funcultura,  Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco.

Josi Marinho – Nosso episódio hoje é sobre mais um patrimônio cultural da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Um prato cheio para quem gosta de história. a gente volta tempos atrás, para o século 18, a fim de conhecer a história do único engenho ainda preservado daquela época:  o Engenho Poço Comprido.

Josi Marinho – Eu sou a jornalista Josi Marinho. Mulher negra, produtora cultural e realizadora desse projeto.

Cris Xavier – E eu sou Cris Xavier, mulher negra e produtora cultural. Você já sabe que este podcast conta com recursos de audiodescrição. Ele é importante para contar histórias para pessoas com deficiência. Esse som … (pausa) … indica que você vai ouvir minha voz descrevendo algo importante do nosso episódio.

Josi Marinho – Para contar essa história, estamos no município de Vicência, que fica na Zona da Mata Norte de Pernambuco, a mais ou menos 90 quilômetros do Recife. O nome do município é uma homenagem para uma senhora, muito católica, chamada de Vicência Barbosa de Melo e conhecida como Dona Vicência. Ela possuía uma propriedade nas terras onde hoje é o município e mandou construir uma capela. O local virou ponto de encontro para viajantes. Isso foi em meados de 1879, no século 19. Vicência passou a ser vila, depois distrito de Nazaré da Mata e só em 1928 tornou-se município. É importante a gente entender e conhecer essa história, porque muito antes dela,  nas terras onde hoje se encontra o Distrito Murupé, área rural, pertencente a Vicência, existia um engenho chamado Poço Comprido. Como falamos, existem poucos registros históricos, mas pelo que se sabe, esse engenho surgiu no século 18. Quem apresenta essa história é Joana D’arck Ribeiro  ela é filha de Vicência, diretora do Ponto de Cultura e Museu Comunitário Poço Comprido.

Cris Xavier – Joana D’arck Ribeiro é uma mulher parda, de 50 anos,  com cabelos claros e levemente ondulados. Usa óculos arredondados e tem uma presença forte. É bióloga de formação, professora, trabalhou por sete anos no laboratório de análise no engenho laranjeiras, em Vicência.

Joana D’arck Ribeiro  “ Eh, eu sou natural daqui de Vicência, Mata Norte. Então é comum na nossa região, a gente cresce nesse mundo, né esse mundo de engenhos. Eu sou fãzona de Maracatu Rural. Mas na minha época assim, eu criança, tinha medo. “Então é a mesma história, história de cana-de-açúcar, história de Engenho, história de interior. Então, tudo isso se se entrelaça. Minha mãe é professora. Meu pai, ele trabalhava muito nos barracões de Engenho, que é do Comércio. Então assim, hoje está aqui no Poço Cumprido também é muito … não só o Poço Comprido, mas outros engenhos de trabalhar essa parte com patrimônio é muito… eu amo de paixão, né? Gosto demais porque é uma coisa também, que já vem desde lá da minha vivência toda, que eu me entendo por gente”.

Josi Marinho – Nessa sua fala tem muita memória afetiva. Já adiantando um pouco nossa conversa, o engenho lá do século 18, está preservado e hoje a casa e a capela são Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tombados pelo Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Josi Marinho – Em outros episódios tivemos a oportunidade de aprender o que é um engenho. É importante relembrar.

Cris Xavier – Engenho é o nome dado para a instalação industrial usada para processar a cana-de-açúcar. Geralmente nas terras do engenho a cana é plantada, colhida, triturada, fervida até que o açúcar seja extraído. Também são produzidos melaço e álcool.  Quatro edificações compõem um engenho: a casa, a capela, a moita e a senzala. 

 Josi Marinho – Mas vamos lá!  Vamos de fato embarcar nessa história. As terras do engenho tem cerca de mil hectares,  mas a parte histórica se concentra em uma área de quatro hectares. O que equivale a aproximadamente cinco campos de futebol. As terras pertencem ao Engenho Laranjeiras, que administra toda parte produtiva do território. Já a parte histórica é gerida pela Associação dos Filhos e Amigos de Vicência – AFAV  Existia muita curiosidade sobre o local, mas pouca informação. Muitas pesquisas foram feitas e em uma dessas alguém de fora apontou um potencial turístico e histórico. E um processo de aceitação e aprendizado a comunidade começou a valorizar e tomar conta desse tesouro. Joana D’arck, nos recebe e abre as porteiras desse espaço pra gente.

Cris Xavier – O engenho fica localizado numa área alta, como se fosse uma colina. Durante a nossa visita o tempo está nublado e venta bastante. A principal estrutura, a que chama mais atenção, é uma casa grande também elevada. Parece um primeiro andar. A fachada é formada por grandes arcos na parte inferior, que servem de sustentação para a estrutura. Em cima uma longa varanda de madeira. As cores predominantes são branco e azul. Colada com essa casa grande existe uma capela simples, porém com características do estilo barroco. Na frente dela, uma longa escadaria que leva até a porta principal,  que fica no centro da capela e também é pintada de azul. Acima da porta, nas extremidades, duas janelas azuis. Elas possuem um pequeno parapeito de madeira. O material da porta e janelas também é madeira, pesada e grossa. É uma arquitetura simples com formas onduladas na fachada e uma cruz branca no topo.

Josi Marinho – Vamos entender o contexto histórico do século 18. Era a época do Brasil Colônia. Nosso país ainda era submisso a Coroa Portuguesa. As grandes expedições aconteciam no interior por minerais preciosos, principalmente ouro. A economia era baseada na exploração mineral,  agrícola e escravista,  com o uso de mão de obra africana.  O que entendemos como país,  na época era dividido por capitanias hereditárias. Foi uma forma de dividir o território. As áreas eram concedidas aos donatários, geralmente pessoas nobres que tinham a função de desenvolver, explorar e administrar o espaço. Hereditário porque esse direito passava de pai para filho. Aqui tem um ponto importante para nosso episódio. Pernambuco era uma capitania hereditária importante. A principal atividade econômica era a produção açucareira. Olha nossos engenhos aparecendo aí. Ao norte da capitania hereditária de Pernambuco existia a capitania de Itamaracá… Mais na frente, com o passar dos anos, boa parte dessa capitania foi incorporada ao que hoje é o estado de Pernambuco. Ainda na era das capitanias, existiam as sesmarias, que eram concessões de terras doadas para uma determinada pessoa ou família com o objetivo da exploração agrícola. É nesse ponto que aparece o engenho poço comprido.

Joana D’arck Ribeiro  Na verdade antes de ser engenho ele foi sesmaria. Porque sesmarias eram grandes poções de terra que eram dadas para que fossem colonizados. Então aqui na nossa região, a gente tem história de duas sesmarias. Sesmaria Vicência, que leva também o nome além da senhora lá que deu origem, também esse é o nome da cidade. Mas a gente teve uma sesmaria com esse nome de Vicência, e a outra era Poço Comprido. Então isso aqui é um lote de terra imenso,  para que fosse colonizado. Então a história que a gente tem aqui, o primeiro proprietário aqui da família Cavalcante, vindo da parte da terra de Goiana, município. Porque também tudo é norte, né? Aí com o passar dos tempos esse gene ele vai se desmembrando, as famílias vão se casando e tal. Então cada um vai ser desmembrando do engenho.

Josi Marinho – E por que escolher exatamente esse local, onde hoje é Murupé, distrito de Vicência, para começar a sesmaria?

Joana D’arck Ribeiro Essa a escolha da implantação de um Engenho, ele precisa acompanhar o curso d’água. Porque para você ter uma indústria, você tem que ter água. A gente aqui tá com o nosso grande Rio Sirigi, que começa aqui em São Vicente Férrer, e o Vale do Sirigi. Ele compõe o município de São Vicente, Vicência, Aliança e em Condado as águas do Sirigi vão desaguar no Capibaribe Mirim, que também é outro rio que nasce em São Vicente.  Então um local para construção dos edifícios de um Engenho, seria um local próximo ao Rio e ele tinha que estar numa Colina, como nós estamos aqui. Para que você tenha toda uma localização dentro do território. Então se constrói a casa de frente para fábrica, que a gente chama de moita do Engenho, né? Então é onde vocês estão vendo ali. Então ali a gente tem a moita do Engenho, aqui tem a casa a capela ao lado”.

Cris Xavier – Nesse momento Joana D’arck aponta do alto da varanda para uma estrutura bem rústica que fica a alguns metros na frente. É uma casa branca, simples, com aquelas telhas de barro/cerâmica alaranjadas. Dentro tem um espaço amplo, como uma grande sala. Era nessa edificação onde a cana-de-açúcar era moída  e o suco, ou o caldo da cana era extraído. Também tem uma grande chaminé onde o bagaço da cana era queimado. Alguns engenhos usavam o calor dessa queima para aquecer as caldeiras, secar o açúcar e evaporar o caldo da cana para cristalizar o açúcar.

Josi Marinho – Durante nossa conversa você falou a respeito do Rio Sirigi. Ele passava pelo engenho?

Joana D’arck Ribeiro Esse rio ele já foi bem rente, bem próximo da moita. Porque esse engenho também já foi movido a roda d’água. Então mais uma questão de você estar muito próximo dos rios.

Josi Marinho – Aqui da varanda, a alguns metros da moita a gente observa dois baobás. Em outro episódio aqui do Podcast Nossa História, Nossa Memória, a gente aprendeu que o baobá é uma árvore nativa de várias regiões da África.

Cris Xavier – O tronco do baobá é beeem longo e ainda armazena água. A árvore tem uma casca grossa e pode ser vista de longe. O crescimento dele é lento e pode levar até 10 anos para atingir o estágio de muda. A árvore é costumeiramente chamada de “árvore da vida” porque pode viver por milhares de ano.

Josi Marinho – O baobá tem uma importância cultural enorme. É uma árvore muito atribuída aos escravos que foram trazidos da África. Eles plantavam para tentar se conectar de alguma forma a terra de onde eles foram tirados. Esses baobás são do início do engenho? Da época das capitanias? Porque assim, tendo em vista o contexto histórico,  possivelmente tudo isso aqui foi operado por mão de obra escrava, no início. Deve ter tido uma senzala em algum lugar aqui.

Joana D’arck Ribeiro Possivelmente, a Senzala era na parte direita. O que nos comprova, nos dá muita afirmação disso é a existência de dois baobás. São os que estão aqui. São Centenários. Eles estão inclusive catalogados nos baobás centenários de Pernambuco. Possivelmente, seria ali. O Engenho que teve Senzala, que teve escravos também. A gente não tem mais a presença do equipamento, da Senzala. A gente não tem notícia de como ela foi demolida ou se ela foi se deteriorando também ao longo dos tempos. A gente há de convir que essa construção aqui, por exemplo, essa parte superior a nós, foi construída em taipa. Porém, essa localização dela, você ter essa ventilação, isso promoveu sim, para que ela conseguisse ficar, permanecer desde os anos de 1700 até aqui. Porque aqui  o engenho do século XVIII certo, a gente tem uma publicação de 1732, quando aconteceu aqui neste Engenho um batizado”.

Josi Marinho – 1732… Há mais de 290 anos. Que curiosa essa publicação. Mas pera aí… Para ter batizado é preciso ter alguma estrutura já pronta, certo?

Joana D’arck Ribeiro Né, então isso tá publicado. Teve esse batizado em 1732. Então a gente diz que é do século 18. Porém a gente também imagina o seguinte: a casa, ela foi  anterior à capela. A capela é mais recente.  Se 1732 você tem um batizado lá, aí se converte que já poderia estar aqui essa instalação até anos antes de 1700. Então a gente também trabalha com essa hipótese, dele ser do final de 1600. São, de fato, muitas histórias ainda para se desvendar, para se pesquisar. A gente tem uma fonte imensa. Por isso que é muito importante a gente sempre que puder tá trabalhando e promovendo possibilidades para que as pessoas possam pesquisar a questão da educação”.

Josi Marinho – É uma estrutura incrível, mas sabemos que além de barro, taipa, cerâmica… Tudo isso também foi construído com muito suor, sangue, alma de pessoas escravizadas. Há pouco falamos da senzala e dos baobás. Existe algo registrado sobre a história dessas pessoas?

Joana D’arck Ribeiro “A gente tem poucas coisas publicadas, sobre a própria história. Não só em edificação, mas a própria história aqui sempre se repete… foi uma Sesmaria.  A família veio de Goiana tal, e realmente a gente não tem história. O que a gente entende do povo escravizado, a gente vai ter em matérias de jornais. Os jornais que circulavam na época, quando tinha algum negro que fugiu, fugitivo. Então, assim, isso tem bastante”.

Josi Marinho – Onde ficam essas publicações?  Como vocês tiveram acesso?

Joana D’arck Ribeiro Em Recife, lá nos arquivos públicos, têm a história de todos os municípios.  E assim, o ideal seria que todos os municípios fossem catar, né? Digamos assim, toda a sua história, e poder tá contando no seu município. A gente conseguiu fazer um pouco disso, muito pouco. A gente implantou aqui uma exposição que se chamava justamente “a História Afro- Brasileira do Vale do Siirigi.” Ah teve  escravo e o pessoal sempre fala de outras localidades e esquece que no nosso contexto, nosso território, a gente também teve o povo escravizado. Nós utilizamos essas informações, que colhemos desses jornais, que estão tudo lá publicado, imprimimos e a gente pode mostrar aqui. Era para ter passado só três meses, passamos quase um ano com essa exposição aqui. Então assim, sempre é através de um simples relato, mas era um relato que você via o tratamento. Então assim, as pessoas não eram ‘José da Silva’. Era um negro que tem um dente dessa forma, que tem uma ferida na perna, que tem uma orelha. Sempre a pessoa era caracterizada, né? Sua forma física. E para colocar as pessoas atrás, então uma recompensa ‘de tanto’ para quem conseguir. Então assim, são coisas duras que a gente ficava vendo mas foram a nossa realidade”.

Josi Marinho – A construção da senzala provavelmente não teve grandes investimentos,  se restringindo por exemplo, a um material de taipa… Madeira. O tempo provavelmente sucumbiu essa estrutura. Isso me leva a pensar no apagamento da memória do povo negro.

Joana D’arck Ribeiro Como se fosse uma política do esquecimento, né? Que de fato, isso é real. Quem tá escrevendo a história, entendeu? Então assim, quem escreve as histórias, sobretudo quando é uma documentação, e não é coisa de ficção? A história daquela localidade, a depender de quem tá escrevendo. O pessoal tá falando mais da sua família. Ou sempre tem nomes, nomes dos heróis. Sei lá, uma batalha nome tal, de tal herói, mas são muitos nomes que contribuem bastante, nem sempre vão estar nessa história. Tem pouca coisa publicada, documentada. Se o que tem, a gente só vai ter mais as histórias dessas pessoas, quem foi o dono disso, o dono de tal engenho, o dono daquelas terras. O senhor, Dono de Tudo, proprietário. Então são esses nomes que vão aparecer. Quase nunca vai aparecer de um trabalho de uma pessoa escravizada. É por isso, que é muito pertinente sim que as pessoas possam estudar, possam escrever, desmistificar tantas histórias”.

Josi Marinho – Que observação pertinente! As publicações jamais descreveriam por exemplo onde ficava a senzala aqui.

Joana D’arck Ribeiro A gente tem quase certeza que a senzala seria ali… a gente acredita que aquela casinha que você tá vendo ali seria Senzala. Claro que essa casa branca, que tá faltando um pouco de reboco ali… Mas ela é uma casa um pouco comprida, com duas janelas de frente, uma porta, uma porta até entre aberta.  Tá uma parte sem reboco na frente e ela é uma construção, digamos assim, mais antiga daqui desse Engenho, e está muito próximo dos dois baobás. Então, isso é uma coisa certa, porque entre os baobás e a casa, que seria Senzala, a gente tem uma vacaria também. Um espaço para alimentação dos animais. O que nos leva também, a meio que afirmar que,ali, seria a Senzala, é que essa casa é a mais antiga daí. Ela tem não é um único vão, ela tem portas dos lados. Ou seja, a gente acha que é só uma casa ali, mas não é. Ali tem umas três, quatro casas numa construção”.

Josi Marinho Daqui da varanda, enquanto a gente conversa, tem um objeto que chama atenção. Eu já sei que se chama mourão.

Cris Xavier – O mourão é o nome dado a um tronco de madeira. No Engenho Poço Comprido ele fica localizado bem de frente à casa grande e possui quase dois metros de altura.   

Josi Marinho O que esse tronco representa e por que ele é mantido nesse espaço? Seria o tronco usado para castigar os escravos?

SONORA

Joana D’arck Ribeiro  “O que é que nós falamos… ele pode até ter sido, sim, o tronco dos maus tratos, digamos assim: das pessoas escravizadas, mas não nesse local. Então, o que nós defendemos e acreditamos é que ele veio trazido para cá. E aqui ele tem uma função. O transporte naquela época era de cavalos, de jumentos, jericos. Então, era o local de amarrar os cavalos. A gente fala muito isso, porque pelo que se conta, também da parte histórica, nunca.. digamos assim.. o castigo, os açoites, eles aconteciam na frente da casa, da casa do senhor de engenho. Então assim,  A gente nunca diz que esse foi o local, mas que com certeza, há fortes indícios de que esse tronco tenha sido. Pode ser sim. Porque você encontra marcas em volta dele, de ferramenta, de ferro, de ferradura”.  

Josi Marinho – Esse espaço aqui também é um museu e claro, recebe visitações. Como as pessoas lidam com esse símbolo?

Joana D’arck Ribeiro “Eu gosto muito de responder isso.  Vai ter aquele visitante que chega, quer fazer aquela cena, mas aqui nenhum de nós, e a gente também trabalha muito nesse foco, a gente não tem que estimular isso aí, essa reprodução dessas dores e sofrimento. Não, a gente não acha isso bacana. Até porque isso não é para ser tido como uma coisa banal e nem engraçada. Porque tem pessoas que realmente fazem como se ele fosse aí, vai ter que açoitar o outro, que vai estar fazendo aquela posição do açoitado. Mas a gente se recusa a fazer isso. A gente procura dar essa informação. Aqui não era um local do açoite. Então tem muito disso. Mas de fato, infelizmente, ainda há muita gente que chega e se agarra ali no pau, naquele tronco, pra que alguém vá açoitar. Então a gente aqui é estimulado, ninguém nem açoita e nem fotografa”.

Josi Marinho – São muitas histórias e curiosidades sobre o Engenho Poço Comprido e a gente guardou uma de propósito até agora. Aposto que você aí do outro lado chegou aqui se perguntando… Mas por que o engenho tem esse nome?  Por que Poço Comprido?  É claro que a gente não ia te deixar sem essa resposta. Joana … Responde essa pra gente, por favor.

Joana D’arck Ribeiro “Poço Comprido, a gente aqui tem uma hi stória… o Vale do Sirigi é muito rico em água, sobretudo água subterrânea, muito forte..  Apesar de que, a gente ainda tem tantos lugares que não tem água, tem que ter água encanada, mas não tem água todos os dias. Então assim, isso é uma contradição imensa. Poço Comprido é conhecido porque aqui tinham vários poços de água. Até hoje ainda tem. E algum desses aí, podia ser cumprido, aí vai ficou Poço Comprido. A gente também não tem isso documentado, né? Isso é o que a gente.. é a parte da oralidade… é o que foi passando de gerações em geração”.

Josi Marinho – (Ar de Riso) É … Eu aposto que você esperava uma história beeem mais elaborada… Mas as vezes é isso mesmo… Um poço que era muito comprido…. Deixa tudo na conta da história passada de boca em boca…

Josi Marinho – Olha…. Essa conversa tá muito boa, mas estou curiosa para conhecer outro espaço aqui do engenho… Mas antes, nosso podcast tem acessibilidade para pessoas com deficiência. Por isso estamos sempre descrevendo as coisas. Aqui, nós temos uma visão de visitantes. Já você Joana, convive com esse espaço. Por isso, queria te convidar a fazer esse exercício de descrição. Descreve pra gente por favor, essa belíssima visão que temos daqui.

Joana D’arck Ribeiro “A gente aqui tá na varanda do engenho.  Tem uma visão privilegiada, digamos assim, de toda parte territorial, da parte frente e dos lados, né? Porque atrás a gente também vai ter o Pomar, que era uma área muito importante. Então assim, vamos imaginar naquela época, a gente tá em uma área rural, então alimento, então muita coisa vinha também desse pomar, desse plantio. Então nós temos à frente a moita. E também entender que o nome Engenho é de Engenhoca, né? Então Auele maquinário que vai moer, para que a cana seja esmagada, extraído o caldo e produzido açúcar, mel e cachaça, precisa desse equipamento. Aquilo ali que é o engenho. Aí depois com o tempo engenho ficou sendo todo a fábrica”.

Josi Marinho – Da varanda, a gente entra na casa, onde por vezes acontecem algumas exposições… O salão é amplo.

Cris Xavier – O piso é de madeira e possui alguns desnivelamentos, mas é seguro para adultos,  crianças e pessoas com deficiência. O espaço é grande, tem vários cômodos e é possível ver alguns móveis ou objetos antigos, digamos assim, como um fogão a lenha, candieiros,  bule, louças.

Josi Marinho – Também existe um corredor, uma espécie de pequena passarela que dá acesso à capela.

Josi Marinho – E é dessa capela que falamos agora. Estamos numa edificação incrível.

Joana D’arck Ribeiro “Aqui é a Capela de São João Batista. É o santo padroeiro daqui. Na capela também é o local onde eram enterradas as famílias. Ao lado da Capela seria o cemitério dos escravizados. Vamos imaginar naquela época, quando  ainda não tem cidades formadas. Tudo acontecia nos engenhos . Então a parte econômica, você tem todo o plantio da industrialização da cana-de-açúcar. A parte religiosa, na capela. Você tinha casamento, batizado, missas aconteciam  nas capelas. A parte social, aqui é um lugar de muita festa, por isso que a gente hoje trabalha na nossa proposta de Ponto de Cultura de Museu. A gente faz a parte da visita, da visitação para contar história para educação patrimonial. A gente promove cursos, mas também promove muita festa, porque aqui também, historicamente, é um local de muita festa. Então assim, os engenhos ao redor vinham tudo para cá. É bem importante pra gente”. 

Cris Xavier – Por dentro a capela tem o piso de blocos de barros, grossos e ásperos. Não é um espaço grande, mas é possível acomodar algumas dezenas de pessoas. De frente para a porta, um grande arco, e no meio um altar com espaço para três imagens. O altar parece ter sido esculpido. A cor se assemelha a um marfim ou bege. Na parte de dentro desse grande arco o teto é todo forrado com madeiras pintadas de azul.  No centro desse teto um quadro pintado. A ilustração é o batismo de Jesus. Do lado direito, João Batista aparece em pé segurando uma cruz. Jesus está no rio, em uma posição mais baixa. A mão de João Batista está na cabeça de Jesus e acima de todos uma pomba irradiando luz. De cada lado do grande arco central, tem um pequeno altar também em formato de arcos. Eles possuem espaços para imagens e têm detalhes dourados e também parecem esculpidos e desenhados. O telhado é sustentado com madeiras. Do lado esquerdo existe um púlpito elevado, parece mais um camarote para uma pessoa só.  Falando em camarote, existe um espaço, como uma galeria, do lado de cima… Um espaço reservado e sem acesso pelo interior da capela. Parte da estrutura ainda é original da época.

Joana D’arck Ribeiro “Nesse contexto da civilização do açúcar não queria dizer que todo mundo tinha direito a entrar na capela e assistir essa missa. Então é comum quando você vê as fotografias das antigas capelas, que tem um alpendre na frente. Aquilo significa dizer que tem pessoas que assistiram a missa do lado de fora. Porque eram pessoas chamadas de catecúmenos, que são pessoas que não eram batizadas. E tem a história também que, para assistir à missa, quem não tivesse calçado não poderia entrar na capela”.

É uma capela de um porte grande, digamos assim, a nível de ser uma área rural. Ela é, digamos, que é a segunda depois da moita do Engenho. Ela é a construção que é feita com uma verdadeira fortificação. Então as paredes são muito grossas, justamente porque também tem essa história de ser lugar de Deus, né? Tá mais próximo de Deus, do Senhor. Tipo a Fortaleza.

Josi Marinho – Vamos falar um pouco do altar. O que a história nos fala sobre ele?

Joana D’arck Ribeiro “As imagens que a gente tem aqui hoje, elas são réplicas das originais. As originais ela se encontram no IPHAN, porque quando aqui foi tombado, então isso foi levado pra sua melhor proteção , em Recife. E lá estão. E aí para que a capela não ficasse sem suas imagens, para quem segue o catolicismo, então foram feitos as réplicas pelo mestre Ademar de Júpi, um exímio  escultor de madeira lá do Sertão. Então aqui a gente tem as imagens de São João Batista, que é o santo padroeiro. Mas também tem Nossa Senhora do Rosário. Tem Jesus. Agora é uma capela que já teve missa. Mas a gente não tem missa periódica, mas já teve batizado. A gente aluga para casamento. Ela tem toda uma funcionalidade e também é um espaço que a gente utiliza como um espaço para seminários. Tem uma acústica Bacana. Não tem problema nenhum de ter algum grupo se apresentando ali, seja artístico, de música e teatro, de circo. Realmente é um local bem eclético que dá pra gente trabalhar dentro das Artes. A gente trabalha em qualquer espaço aqui sem ter nenhum problema de ‘Ah, mas tá fazendo dendo da igreja’. Sim! A gente tá trabalhando cidadania, trabalhando educação patrimonial. Hoje é mais usado, digamos assim, como anfiteatro”.  

Josi Marinho – Chegamos aqui por uma passarela dentro da própria casa. Estamos em um espaço elevado, espaço do couro, uma espécie de galeria. Daqui de cima temos a visão de toda a igreja. O que a história conta sobre esse espaço? 

Joana D’arck Ribeiro É uma característica que hoje só tem aqui no Poço Comprido, que é ter uma ligação, que é uma passarela que liga a capela,  onde nós estamos, a casa grande. A gente tinha em Pernambuco cinco engenhos que tinham essa característica. Alguns engenhos não existem mais e, o Poço Comprido, ele, além de existir, ele ainda permanece, e a gente tem essa ligação. Há quem diga que essa ligação era para facilitar, para que a família patriarcal viesse assistir a missa, ter esse trajeto, mas também para não se misturar com os demais da comunidade. Então ele tem um púlpito. O púlpito ele tá acima da comunidade que está assistindo a missa lá embaixo.  É onde de início os padres celebravam a missa, de costas pros fiéis, porém de frente para as imagens, do altar. Ele subiu depois daquela escada, que tem ali ao lado, e do púlpito, que ele vinha fazer aclamação do Evangelho. Vem fazer só homilia, mas o couro ainda tá mais acima do que o próprio, do que o próprio padre. Aqui a gente teve um Capelão. Isso também mostrava o poderio, digamos assim, desse engenho de açúcar. Era um Engenho que ele tinha um Capelão que morava aqui”.

Josi Marinho – E tem alguma história desse capelão?

Joana D’arck Ribeiro  “E a gente tem até a história que o Capelão trouxe o irmão de Portugal. Ele conseguiu com que o irmão dele se casasse com uma das filhas do dono desse engenho.E aí foi quando começou um sobrenome que é muito conhecido hoje em dia que se chama ‘Gaião’. Porque eles eram da cidade de Gaia, em Portugal, da Vila de Gaia. E isso também a gente foi sabendo e construindo essas narrativas, que a gente fica escutando tanto. Esse sobrenome ‘Gaião’ não existe em Portugal. Ele só existe aqui no Brasil. E aí começa a se dizer, muita gente que saiu daqui tem esse sobrenome. Mora em outros locais do Brasil, mas são parentes ou de alguém daqui do Poço Comprido. Então há quem diga que esse sobrenome ‘Gaião’ realmente de fato se originou aqui”.

Josi Marinho – Você já disse que, como não existiam cidadestudo acontecia nos engenhos, inclusive os enterros. E esse espaço aqui possui muitos túmulos. É possível saber quem foram as pessoas sepultadas aqui?

Joana D’arck Ribeiro “É… a gente não tem de fato, historicamente, quem são as pessoas, mas a gente tem espaço que, por exemplo, não tem ninguém. Que não tem mais osso ali. Poderia ser para futuros. Agora quando na restauração nós chegamos aqui. Aqui tem uma urna imensa, muito grande que ficava na sacristia. E era uma urna que ela tinha correntes em volta dela. E o que é que aconteceu?  Chegaram os projetistas que estavam lidando aqui com restauro, chegaram a conclusão, que essa forma teria que sair, ser removida, porque ali não é o lugar, não era um cemitério. Mas o que aconteceu quando foram remover… Então dentro, ainda tinha algum corpo, algum resquício, ele se transformou em pó. Então assim, isso se perdeu. A gente tem aqui nesse espaço, vamos até a década de 80, as pessoas moravam aqui, gente da comunidade, pessoas que trabalhavam na usina, então moravam aqui.

E aí o que acontece? Quando o pessoal depois veio e viu que isso não tava: “mas cadê aquele ali?’ Porque termina que era até um ponto de curiosidade que as pessoas queriam vir para ver essa urna, porque ela era acorrentada. A história da corrente é porque dizia que aquele coronel ali era tão brabo, tão brabo, que o pessoal acorrentou com medo dele sair de dentro. E ficou um mito”.

Josi Marinho – Realmente são muitas histórias. Me veio outra curiosidade que ouvi falar por aí. É verdade que Joaquim da Silva Rabelo, conhecido com Frei Caneca, escritor clérico católico, de origem de família pobre do Recife,  teve ligação com esse território aqui?

Cris Xavier – Frei Caneca foi um líder religioso e político brasileiro do século 19.  Ele participou ativamente da Revolução Pernambucana de 1817,  defendendo ideias republicanas e liberais.  Pernambuco lutava para se libertar de Portugal e implantar um governo republicano. Eles tiveram êxito por um tempo, mas depois o território foi retomado por Portugal. Frei Caneca foi um frade franciscano que usava um manto de tecido marrom com capuz.  Tinha barba e cabelos escuros e costumava usar óculos.  Ele tinha uma presença séria,  rigorosa, mas também solene. Era conhecido por sua eloquência e convicções políticas e religiosas fortes.

Joana D’arck Ribeiro “Frei Caneca ele, Líder do movimento libertário, que não começou em 1824 na Confederação do Equador, começou nas revoluções de antes. Desde 1817. Na 24, foi que ele se afirmou enquanto o líder revolucionário. E aí foi que aconteceu, quando ele começou a perder forças, na capital, ele começou a vir para o interior em busca de apoios. E esse apoio não era na mata sul, era justamente na Mata Norte. Isso existe um livro chamado itinerário de Frei Caneca, que é o que ele escrevia no seu diário. Isso tem uma publicação que conta essa história. Ele chegou em Goiana, na época Condado, o nome era Goianinha. Então tem essa passagem de lá, tem a passagem até chegar aqui”.

“Então as pessoas nem sequer sabe disso, nem falam, nem mencionam que Frei Caneca também teve por lá. Porque aqui, fala muito que foi aqui, porque aqui ainda existe né?”. 

“Então Frei Caneca teve aqui e realizou o que a gente chama da última reunião. Eh, acho que foi setembro de 1824. Ele conseguiu aqui reunir várias pessoas onde eles iam definir aqui se esse movimento da Confederação do Equador, se ele iria continuar ou se ele iria finalizar diante os apoios”.

Josi Marinho – Mais uma vez o Engenho Poço Comprido sendo palco da história e desse movimento libertário liderado por Frei Caneca, que foi executado a tiros por militares, em 1825, quando tinha 46 anos. O episódio aconteceu no muro do Forte das Cinco Pontas,  onde atualmente está instalado um museu, no Recife. Frei Caneca deixou uma história de luta pela independência e liberdade do Brasil e ideias progressistas. Em homenagem, um auditório aqui no engenho recebeu o nome de Frei Caneca.

Josi Marinho – Ouvindo você falar … Fico imaginando como era a vida nesse espaço… Eu também imagino o quanto essas paredes resistiram. Você fala muito de uma obra de restauração. Como isso aconteceu?

Joana D’arck Ribeiro “A gente tem assim aqui algumas fotografias, da época do que foi restaurado. Anos 2000 essa última restauração. Mas ele também já teve algumas intervenções na década de 50, década de 60. Isso foi feito na época pelo Iphan. Então sempre eles fazem esse trabalho para você reconhecer o que tem ali. Então o que a gente sabe é isso, essa parte superior, ela é realmente de taipa. É intacta, digamos assim. Mas porque a localização permite. Ou seja, você tá livre de umidade. Quanto mais umidade, de fato, isso impacta na construção. É a questão de um detalhe. Para a gente pintar aqui, isso aqui vocês vêem é cal. Não é mais bonita a gente pintar com aquela tinta acrílica? Não, porque à cal é justamente uma espécie de tinta que vai ajudar na conservação.  Porque a parede precisa respirar”.

“A nossa região, Pernambuco, é muito úmida também, sobretudo aqui na Zona da Mata. Então tudo isso interfere. E aqui a gente tá nesse pavimento superior. Na restauração, o que é que aconteceu? Um restauro se aproveita o que se dá para aproveitar, e o que não dá você pode substituir por elementos bem parecidos. Por exemplo, aqui vai ser madeiras das antigas ainda, originais, e madeiras que são novas, então dá para ver. Porque não tem como você deixar também uma que tá completamente deteriorada,. Como é que as pessoas vão transitar, sobretudo no assoalho?”

Josi Marinho –  E que madeiras são essas?

Joana D’arck Ribeiro  “É sempre madeira de lei. Que é o que a gente mais tinha na região aqui da Mata. Isso a gente tá falando da do piso, mas na coberta precisou mudar muita coisa. Porque tava tudo bem estragado. Então aqui foi trabalhado com o imbiriba, que é completamente da Mata Atlântica. E esses caibros, são cabos de eucalipto tonalizado. Claro que na época não era usado dessa forma, mas esses passaram por esse processo, justamente para impedir a ação dos fungicidas. Porque aqui ó tem formiga, fungo, é um veneno pra gente. Cupim nem se fala…  são grandes ameaçadores aqui, uma construção como essa. Então todo o telhado original que deu para aproveitar foi aproveitado e o que não deu para ser aproveitado, então foi encomendado, confeccionado telhas no formato mais parecidos”.

Josi Marinho – Quanto tempo durou todo esse trabalho?

Josi Marinho   “Então, foram aí uns três anos de restauração da primeira etapa, que ele chamava essa parte aqui da casa, da Capela. Os Altares da Capela, por exemplo, foram feitos pelo mesmo pessoal, mesmos restauradores que fizeram Pelourinho. Na época foi um trabalho muito minucioso que realmente demanda tempo. A segunda parte eles fizeram em 2006”.

Josi Marinho – Devido a toda história esse engenho foi transformado em museu. O Museu Comunitário Poço Comprido. Como é feita a manutenção e o custeio desse espaço?

Joana D’arck Ribeiro  “É muito desafiador digamos assim, a gente manter isso aqui. A gente tá nesse espaço que a gente sabe e fala sem nenhum problema, que ele poderia estar muito melhor cuidado. Poderia estar com a manutenção muito melhor. A gente não consegue porque de fato a gente não tem esse recurso”.

“A gente tem pessoas na associação que gostam, que se apropriaram disso aqui, que têm essa memória afetiva. A gente se dedica muito aqui. Então tem as pessoas que não moram aqui, como eu não moro aqui no engenho, e tem as pessoas também que moram aqui. Então são as pessoas que zelam por isso aqui”.

“O pessoal que faz artesanato, que são as meninas que também limpam. Tem o que é mediador, mas que também pode escrever projeto. A gente fica nessa luta imensa e diária, digamos assim, de procurar forma de captar recursos. No nosso sistema Brasil, o que é mais fácil digamos assim, é quando a gente tem essa política aí da valorização da cultura através de editais”.

Josi Marinho – Em 2008 o local passou a ser considerado Ponto de Cultura através de um edital firmado entre a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – Fundarpe – e o Ministério da Cultura.

Joana D’arck Ribeiro “Isso é muito importante porque em 2008 nós conseguimos a chancela de ser ponto de cultura. E aí a gente recebeu aquela grana, a gente botou isso aqui para funcionar, com cursos, com festas, que eu sempre digo que é o mais forte que a gente tem aqui. É fomentar a cultura local através de formação e através de eventos”.

Josi Marinho Como vimosas terras onde ficam o Museu Poço Comprido pertencem ao Engenho Laranjeiras. A área histórica é gerida pela Associação dos Filhos e Amigos de Vicência – AFAV.  A manutenção também é responsabilidade da associação. O museu tem a missão de atuar na preservação do Patrimônio Imaterial e Patrimônio Material edificado do Estado de Pernambuco.  É possível fazer locação do espaço para realização de eventos como casamentos, aniversários, confraternizações, seminários, aulas espetáculos e programações artístico-culturais.  O local também recebe visitações.

Joana D’arck Ribeiro Estamos aqui à disposição. A gente tem nossas redes sociais, a gente usa mais o Instagram, que é Museu Poço Comprido, e a gente sempre responde lá. Ela tem um contato de pré-agenda. As pessoas podem vir para cá. Precisa de agendamento, justamente porque a gente não tem condições de ter pessoas aqui todos os dias sempre. Então pré-agendamento ele funciona justamente para isso, para que a gente se prepare, tenha um guia mediador que vai contar toda essa história que eu falei aqui e mais coisas. Tem escola que vem 20 alunos, um mediador resolve. Mas se vem 100, a gente tem que colocar quatro, cinco mediadores”.

Josi Marinho – Todas as informações sobre as visitas estão no perfil do Instagram @museupococomprido (poço sem o ç) ou pelo Whatsapp DDD 81 9 8195.8603  

Josi Marinho – Joana D’arck muito obrigada por essa aula de história, por esse bate-papo incrível e por essa visita guiada as terras desse engenho.

Joana D’arck Ribeiro – “Quero também agradecer muito. É bom ter gente da nossa terrinha,  do nosso espaço, nesse papel que você faz muito bem, que é de divulgar isso aqui. Mas uma boa divulgação. As vezes a gente vai entrar no Google, bota uma cidade é só aparece um monte de coisa ruim, de índice ruins. Quando é uma cidade, eu tô falando uma cidade, que ela tem um ponto de cultura, que ela tem um museu, que ela tem alguma organização que trabalha, isso é o que aparece mais … Então isso mostra realmente o poder da divulgação. Pra gente é sempre é muito bom, e a gente tá sempre à disposição. Agradeço demais em poder estar contando também a nossa história, para que tanta gente possa conhecer, né? Que Tem sim as coisas boas, importantes e maravilhosas”.

ENCERRAMENTO

Josi Marinho – E assim a gente termina o quarto episódio da temporada especial do Podcast Nossa História, Nossa Memória sobre os Patrimônios Materiais e Imateriais da Zona da Mata  dá uma passada nas nossas redes sociais @podcastnossahistoria no Instagram.

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– Estamos em todas as plataformas de áudio com episódios novos e temporadas antigas.

– Todo nosso material se encontra no site nossahistorianossamemoria.blog.br

– Na equipe deste podcast João Paulo Rosa com a trilha sonora.

– O jornalista Gedson Pontes com roteiro e montagem.

– A produtora cultural Crislaine Xavier com a audiodescrição.

– Alisson Santos com a gravação.

– Videomaker: Julio Melo.

– Designer: Murilo Silva.

– Web designer: Saulo Ferreira   

– Apresentação e produção da jornalista Josi Marinho.

– No nosso canal do Youtube, nossos episódios estão traduzidos em Libras – Língua Brasileira de Sinais pela tradutora Ewelyn Xavier  

– Coordenação geral e reportagem do jornalista, documentarista e produtor cultural, Salatiel Cícero.  

A gente te espera no próximo episódio !!!!