FUNDAÇÃO JADER DE ANDRADE

Entre na Fundação Jader de Andrade, um santuário da história local em Timbaúba. De artefatos antigos a contos ancestrais, explore como essa fundação preserva o tecido cultural da região através do envolvimento comunitário e programas educacionais.

ROTEIRO – 11 – FUNDAÇÃO JADER DE ANDRADE

JOSI MARINHO  – LOCUTORA JOSI MARINHO

DESC – DESCRIÇÃO CRIS XAVIER

TEC – TÉCNICA

TRILHA ABERTURA 

JOSI MARINHO  – O Podcast Nossa História, Nossa Memória é realizado com o incentivo do Funcultura,  Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco.

TRILHA

JOSI MARINHO  – hoje a gente te convida para conhecer um guardião do tempo e de peças antigas que ajudam a contar a história do município de Timbaúba. 

SOBE SOM

JOSI MARINHO  – Nosso episódio visita a Fundação Jader de Andrade, em Timbaúba, a mais de 100 km do Recife. 

TRILHA 

JOSI MARINHO  – Eu sou a jornalista Josi Marinho. Mulher negra, produtora cultural e realizadora desse projeto. 

DESC – E eu sou Cris Xavier, mulher negra e produtora cultural. Você já sabe que este podcast conta com recursos de audiodescrição. Ele é importante para contar histórias para pessoas com deficiência. Esse som … (pausa) … Indica que você vai ouvir minha voz descrevendo algo importante do nosso episódio. 

JOSI MARINHO  – A Funjader, como também é chamada, foi criada por um grupo de 27 amigos, em 2010. Portanto, agora em 2024 completa 24 anos. Através da fundação, um museu social também foi criado. Na prática, vários objetos antigos, com história e apreço, foram doados pela própria população. Objetos que ajudam a contar parte da história dos timbaubenses. A gente vai entender tudo isso através do olhar de um dos fundadores. Nossa conversa é com o Dr. Jefferson Leal, diretor de patrimônio da fundação. 

DESC – Jefferson Luiz Figueiredo Leal é um homem branco de 55 anos. Usa óculos arredondados e é calvo. Ele é cirurgião buco-maxilo-facial formado pela Universidade de Pernambuco – UPE e se descreve como amante das causas sociais. A nossa conversa acontece numa sala do Museu Jader de Andrade. A sala é repleta de relíquias e antiguidades e possui um grande e largo balcão de madeira. As paredes, num tom de cinza, seguram quadros antigos de pessoas importantes na história do museu. 

JOSI MARINHO  – Eu acho que todos estão curiosos para saber que espaço é este do qual estamos falando e também como ele foi criado. 

01’06’’ – Aqui a Fundação José de Andrade começou há muitos anos. Temos um amigo que era o saudoso Lusivan Suna que queria fazer alguma coisa pela nossa cultura. Ele também chamou alguns entusiastas que gostam de Cultura, de história. Então, 27 pessoas, dia 10 de Julho de 2010, juntamos e criamos a fundação Jader de Andrade. O intuito maior era salvar o Cacareco. O Cacareco para quem não sabe, aqui em Timbaúba tem o Cine Recreio Benjamin, foi fundado lá em 1916, e tá agonizando. Embora seja tombado pela Fundarpe, ele infelizmente, não tem o olhar, o cuidado necessário pelo poder público de nossa região.

DESC – “Cacareco” que nosso entrevistado fala é um termo, digamos que… carinhoso, para se referir ao que restou do Cine Recreio Benjamin. Devido a importância para o estado, ele foi tombado, mas o prédio que chama atenção pelos detalhes arquitetônicos, precisa de uma grande restauração. São cinco grandes portas, duas delas possuem vidraças, mas estão quebradas. O alpendre que protege a fachada está quase destruído. O centenário cine teatro foi inaugurado em março de 1916 e agora em 2024 completa 108 anos. Foi um local onde amantes da boa música, peças teatrais, danças, se encontravam. 

02:34 – Nossa sede principal é no antigo cinema, que também existia aqui, que era o Cinema Alvorada. A sede oficial da nossa Fundação é lá, e aqui é um anexo. Aqui na Rua Almirante Barroso, temos o nosso Museu, que foi criado em 2012, e desde então nós oferecemos gratuitamente aqui as visitas, de segunda a sexta e alguns sábados e domingos quando é agendado, nós sempre fazemos uns passeios com as escolas e trazemos alunos para cá. Quem vem sempre tem alguém que oriente, falando um pouco sobre a história da nossa cidade, da nossa região.

JOSI MARINHO  – Fiquei curiosa para saber: quem são as 27 pessoas que deram início ao projeto da fundação?

01:55 – Quem nos convidou foi o Lusivan Suna. Tem o Djalma que que é cordelista, é o atual presidente dessa Fundação. Tem Selma, Rosaní, Clayson Monteiro, Edvaldo. São muitas pessoas de todas as áreas. Temos historiadores, temos cineasta. Todas as áreas da cultura, nós temos pessoas nesse grupo. Hoje deve ter mais de 50 membros, vamos dizer assim, de todas as áreas da cultura.

TRILHA

JOSI MARINHO  – Já falamos aqui que o museu criado pela fundação tem a proposta de ser um museu social… A população quem colabora com o acervo e esse acervo colabora para manutenção da história da cidade. Na nossa conversa vamos descobrir que Timbaúba, por exemplo,  já foi considerada como terra da rede e do sapato. Sabia disso?  O Museu Jader de Andrade tem uma sala dedicada a tecelagem, que conta parte dessa história. Instrumentos usados nessa época. Como os timbaubenses receberam a ideia de ter um museu? 

05:28 –  Uns nem sabem que existe museu ainda. Se admiram “tem um museu em Timbaúba”. Mas de uma forma geral, as pessoas que conhecemos, gostaram, aplaudiram, sempre vem aqui, participam. Antes da pandemia estávamos com outra visão, estávamos com mais empenho, mais dedicação, e mais visitantes. Depois da pandemia diminuiu um pouco isso. Temos que rever, e tudo isso fica atrelado também na forma de divulgar. Os recursos são escassos. No início aqui contamos com recursos próprios, e depois a gente conseguiu resgatar um pouco disso, mas até hoje vive de doação dos membros da fundação.

JOSI MARINHO  – De onde veio essa paixão por antiguidades? 

06:23 –  Desde pequeno, eu gosto um pouco de história. Eu lembro de meu avô, Otávio. Ele vendia muito metal, comprava metal, revendia metal. Então, chegava lá, às vezes, tinham moedas antigas. Eu começava colecionar aquelas moedas, tirava aquelas moedas que ele ia vender, e outros utensílios antigos. Eu gostava disso. Então, foi desde pequeno que comecei a colecionar selos, um pouco da história. Então, desde criança, eu me vejo com isso. Foi um dos motivos que me levou.

JOSI MARINHO  – E como o acervo do museu foi construído? 

06:56 –  Desde pequeno, eu mesmo juntava muita coisa, então muita coisa foi do meu acervo particular. Outros membros também trouxeram, pedimos aos vizinhos, pedimos aos amigos: “se tiver alguma coisa lá antiga traz aqui pra gente”. O mais antigo é essa bancada aqui, que infelizmente tem cupim nela. É grande, foi do banco cooperativa daqui de Timbaúba. Tivemos dois bancos aqui antigamente, então isso fez parte de um dos bancos da nossa cidade.

DESC – A bancada que o Dr Jefferson Leal se refere está logo atrás dele. Falamos sobre ela no início. É um móvel grande: um balcão. De altura, tem pouco mais de um metro. De largura, vai tranquilamente de um lado ao outro da sala. É madeira maciça, com muitas portas e gavetas. Uma antiguidade. 

19’01’’ –  Eu tenho um grande berço.  O meu avô também vendia artefatos, coisas metal antigo. Então eu sempre ficava lá vendo e aprendendo. Meu pai também gosta um pouco. Meu pai era ator. Ele fundou aqui em Timbaúba nos anos 80 o Geterve, um grupo de teatro no Cine Benjamin que incentivava o teatro. Então muitos dos membros da fundação já foram alunos ou trabalharam com ele naquela época, lá atrás.  

TRILHA

JOSI MARINHO  – Estar neste ambiente é voltar no tempo. Dr. Jefferson Leal descreva pra gente os ambientes aqui do museu. 

07:35 –  Temos duas salas aqui. Uma sala dedicada a cultura do fio, da tecelagem, que foi um dos recursos que realmente alavancou Timbaúba pra um nome grande no cenário Nacional. Por muitos anos foi a produção do algodão que trouxe então… Tem uma grande fábrica de tecelagem que hoje não existe mais, até o prédio é parcialmente destruído. Então, temos uma sala temática. Daí desse fio, dessa tecelagem, começaram aqui os fabricos de rede, lá nos anos 20, que levou até Timbaúba por um momento ser conhecida como uma cidade da rede. Ficou praticamente restrito a Mocóis, que é uma das áreas iniciais da nossa cidade, e  começou os fabricos de rede. Então temos uma sala temática sobre esse daí.

JOSI MARINHO  – E o que tem nessa sala? 

08:26 –  Temos instrumentos que utilizavam para a produção da rede, do fio, do tapete. Temos aqui uma máquina de tecelagem e outros utensílios utilizados para o preparo e confecção da rede.  

JOSI MARINHO  – O senhor falou que são duas salas temáticas no museu. Qual o tema da segunda sala? 

– Temos outra sala dedicada ao sapato. Embora em Timbaúba, antes disso, em 37, já fabricavam sapatos. Em 37, Edson criou a primeira fábrica de sapato, realmente uma fábrica. Daí começou a aumentar as vendas da nossa cidade, de sapato. Por mais tempo que da rede, fomos conhecidos como a cidade dos Sapatos. Até no sul falava “Timbaúba – a cidade do sapato”. Exportávamos tanto para outros estados, como também para outros países. Sempre tem relatos de pessoas que visitaram os Estados Unidos ou Canadá e compraram um sapato bonito e quando foram vê lá “made in Timbaúba”, tem muitos relatos disso. A cidade era forte.

JOSI MARINHO  – A gente quer continuar conhecendo esse espaço e esse acervo. Que outros ambientes têm aqui que recontam a história do município. 

09:33 – Temos a sala Inicial, que tem vários artefatos do Jader de Andrade. Temos fotografias, temos documentos, tem um diário do Álvaro Xavier de Moraes Coutinho, que foi outro grande prefeito de nossa cidade. Temos um busto, principalmente o busto de outro grande ícone de Timbaúba na área de educação, que foi o Pedro Crescêncio. Ele realmente incentivou e ajudou muitas pessoas a se formarem. Inclusive meu pai. Ele teve contribuição por parte do próprio Pedro Crescêncio, quando jovem estudava na escola que tinha aqui. Era escola tipo voluntária, o ‘Cenecisto’.

JOSI MARINHO  – Além das salas temáticas, tem as exposições e raridades. 

10:25 –  Temos aqui uma exposição permanente. Tem a bandeira, o desenho inicial da bandeira de Timbaúba, feito por Elvira Maranhão. Tem o original símbolo da nossa bandeira. Temos a foto, uma fotografia difícil encontrar, de Jader de Andrade, que era em uma loja que foi dele. Ainda existe essa loja, que é o armarinho São Paulo. Era uma grande loja que vendia de tudo nesse armarinho. Temos jornais também, da época que era ‘A Serra’, um grande jornal, um artigo de muito boa qualidade. Tão bom que chegou a ser o editor-chefe do Diário de Pernambuco. O tio dele, Carlos Lira foi proprietário desse jornal, é daqui de Timbaúba.

TRILHA

JOSI MARINHO  – Depois de conhecer um pouco sobre o espaço Museu Jader de Andrade e as antiguidades guardadas nele, aposto que você está curioso para também saber quem foi Jader de Andrade. Por muito tempo ele foi considerado o dono de Timbaúba. Uma figura política importante, visionária e com bastante recursos. 

DESC – Jader de Andrade foi um homem de traços finos. Um dos poucos retratos dele está no museu que leva o nome dele. Um retrato em preto e branco, daqueles pintados. Foi uma figura política importante. Nasceu em Goiana em 21 de abril de 1886. Estudou no Ginásio Pernambucano, cursou medicina no Rio de Janeiro, mas não concluiu o curso. Em Timbaúba dedicou-se a arte, cultura, literatura e jornalismo. Fundou o Jornal ‘A Serra’. Foi eleito vereador, construiu tecelagem e o Cine Teatro Recreios Benjamin. Era uma importante figura política. Chegou a chefiar o jornal mais antigo em circulação no Brasil: o Diário de Pernambuco. Foi prefeito de Timbaúba, deputado federal e até senador por Pernambuco. Foi secretário de agricultura de Pernambuco de 1923 até a revolução de 1930. Jader chegou a perder força política em Timbaúba e foi obrigado se estabelecer no Recife. O jornal A Serra foi fechado. Em 1931, quando Francisco de Assis Chateaubriand criou os Diários Associados fez de Jader presidente do grupo em Pernambuco. No mesmo ano Jader morreu decorrente de problemas de saúde. 

11:34 –  Jader veio muito cedo para Timbaúba, tinha 5 anos de idade. Jader ele crescendo, tem uma família que tem um certo recurso e ele muito inteligente, vamos dizer assim, e uma pessoa muito empreendedora, ele conseguiu muito jovem fazer muitas ações. Morreu jovem aos 45 anos, em Recife. Mas nesse curto período de vida, em Timbaúba, ele trouxe o telefone, trouxe a rádio, trouxe cinema, trouxe o bonde de burro,  tem um bonde, era ferro a carrinho.

12:07 – – A usina “Cruangi” Jader também foi um dos fundadores. Ele junto com o cunhado, que era o Júlio Perfeito de Queiroz. Jader além de prefeito de Timbaúba, se eu não me engano em 1910, chegou a ser deputado federal e Senador por Pernambuco, na Província de Pernambuco, e estava cotado para ser o nosso futuro Governador. Veio a Revolução de 30 e o grupo político que ele fazia parte, foi derrotado, perdeu. Ele naquele momento era o secretário de agricultura do nosso Estado.

13:09 – Getúlio Vargas tomou posse como presidente naquela época. Jader foi exilado, vamos dizer assim. Ficou em Recife, com depressão, aquela coisa toda.

TRILHA

13:30 –  Ele mandava na cidade. Tem o lado cultural do Jader de Andrade, que ele era ator, escritor, tinha esse jornal como falei, fazia parte do movimento cultural da cidade e praticamente era o dono da cidade. Geralmente, você não gosta do patrão, né? Muitos não gostam do patrão, então tinha uma grande aversão também com ele. Não era só o bonzinho Jader de Andrade…  Então tinham muitos inimigos políticos na cidade. Com isso o grupo dos Ferreira Lima na época, assumiu que era adversário político dele. Assumiu o comando da cidade por mais de 50 anos, os Ferreira Lima.

JOSI MARINHO  – QUE HISTÓRIA!  UM HOMEM VISIONÁRIO, IMPORTANTE, MAS COM UM FIM PRECOCE. DEVE SER UM DESAFIO MANTER ESSA HISTÓRIA VIVA E MANTER TODA ESSA ESTRUTURA. 

14’10’’ –  como eu falei, Jader de Andrade Fundação, falta um pouco de recurso. Temos muitas pessoas que colaboram, ajudam. Os integrantes também. Como eu falei, em todas as áreas da cultura temos representantes. Falta incentivo falta colaboração. Para viver é difícil, mas a gente consegue devagarzinho. Temos aqui, fazemos homenagens pra tentar resgatar a história em vida de algumas pessoas. Todo ano nós agraciamos com a medalha Jader de Andrade Emérito Cultural pessoas que fazem história, pessoas que fomentam, pessoas que são artistas na região, órgãos representantes disso também, como Primeiro de Novembro, A Euterpina já foram agraciadas com essa medalhaa, a Escola Santa Maria, pessoas como cantador, embolador de coco. 

JOSI MARINHO  – Como as pessoas avaliam o museu? O que elas acham desse patrimônio? 

15’25’’ – Quem vem aqui gosta, acha interessante e quer contribuir. Então se alguém quiser doar alguma coisa, tá lá escondido, lá esquecido no cantinho se estragando, traga para cá que vamos dar um espaço para isso. Se bem que precisamos de um espaço maior. Então o nosso pleito agora é conseguir um espaço maior, com maior acessibilidade. Aqui você viu que realmente o acesso não é tão bom, mas já foi melhorado agora já com Djalma. A gente conseguiu no final da minha a minha gestão, o início da Djalma, nós conseguimos fazer uma rampa de acesso que não existia e vamos fazendo isso para trazer mais a população para cá. 

TRILHA

JOSI MARINHO  – Além dos mais de mil artefatos, a fundação tem um grupo de cinema que normalmente se reúne toda segunda-feira. Vídeos históricos, fotografias e documentários sobre pessoas da cidade são exibidos. Aqui também tem um trabalho de acessibilidade.  Já houve exibição de filmes para crianças com deficiência. Além daquele trabalho de inclusão social. Tudo gratuito. 

16’08’’ – Temos cursos tá? Tem alguns cursos, curso de cordel, curso de artes plásticas, curso de taxidermia, pra empalhar animais teve uma parceria. Alguns parceiros como o departamento de anatomia da Universidade Federal de Pernambuco. Os cursos normalmente são gratuitos. Fazemos Exposições das mais variadas. 

JOSI MARINHO  – E como falamos durante todo o episódio, vocês também têm uma relação muito forte com o teatro, certo? 

19’41’’ –  Temos um grupo de teatro. É o grupo teatro Luiz Marinho, que também foi o outro ícone aqui de Timbaúba, o Luiz Marinho. Ele fez muitas peças de teatro reconhecido nacionalmente. Toda obra de Luiz Marinho ela hoje pertence ao Grupo de Teatro Amadores, o TAP de Pernambuco. (…) Nós temos esse apreço pelo Luiz Marinho. E esse grupo teatro, a pandemia nos atrapalhou, tá  voltando, Muitas coisas aconteceram nessa pandemia e afastaram alguns integrantes. Mas estamos sempre conversando e tentando resgatar. O maior problema da nossa Fundação hoje em relação ao teatro, é que nós não temos um Palco. Não temos um Palco disponível para nossas apresentações. Então o Cine Recreio Benjamin nós lutamos para que isso volte a funcionar e queremos trabalhar nesse espaço. 

TRILHA

JOSI MARINHO  – A gente fala muito da história. É pelo passado que a gente entende o presente e planeja o futuro. Existe algum projeto para transformar esse acervo todo em algo digital, para que essa história alcance muito mais pessoas? 

17’43’’ – Tenho um projeto que para digitalizar livros de nossa região, nossa história e colocar gratuitamente, como aqui é tudo gratuito, para toda população. Também um site mas está desativado no momento, com um problema. Foi hackeado e estamos querendo resgatar e nele constava a história da cidade, nosso hino, também algumas fotografias representativas, muitas fotografias aqui da cidade digitalizadas. A qualquer momento a gente consegue colocar para toda a população ter acesso mais fácil. 

JOSI MARINHO  – Como é pensar num museu na região da zona da mata? Região marcada historicamente pelo corte da cana. Região de povo humilde…. Muitos descendentes de escravizados…. 

03:19 – Tem um amigo que fala que Timbaúba é a cidade do “lá tinha”. Porque lá tinha uma receita legal, tinha banco, tinha tudo aqui em Timbaúba. Hoje não tem mais nada praticamente, devido a forma que os políticos, de uma forma geral, encaram e realizam os seus trabalhos. Então nós queremos resgatar realmente. A cidade já foi muito importante, aqui no polo, a economia era bastante forte. Hoje tivemos um pouco da cana, mas aqui tínhamos a fabrico de de fios, da rede, do sapato. Exportávamos sapato para Europa, para América, de uma forma geral, América do Norte. Hoje nós não temos mais isso. Hoje há uma grande evasão. O último censo vem mostrando isso, o povo indo embora. Temos hoje 46 mil habitantes, falta confirmar agora pela atual análise feita pelo IBGE. Falta fechar aí direitinho. É triste ver isso. Eu vejo que nossa gente esquece, nossa história, apaga. Aqui infelizmente, muitos vereadores, para se saírem bem acredito, ou conseguirem mais de alguns votos… morre alguém conhecido que tem algum poder aquisitivo maior, eles querem mudar o nome das ruas e trocam, apagam, passam uma borracha em cima do fulaninho que era famoso aqui, que nem sabe quem é esse cara mais, e botam um novo, porque economicamente vai ser interessante para aquele Vereador, para aquele prefeito. Então, nós temos que resgatar isso.

JOSI MARINHO  – DR Jefferson Leal, além de diretor de patrimônio da Fundação Jader de Andrade, é cidadão timbaubense. Nasceu aqui. Dr Jefferson, como o senhor avalia essa história que vocês lutam tanto para não ser apagada? 

04:50 –  Eu vejo que infelizmente, a história que é ensinada, que é passada de geração em geração, até na própria escola, temos que fortalecer isso. Porque Timbaúba foi muito rica, nossa cidade. Hoje ninguém sabe mais disso e deixa para lá. Hoje não sei lê mais tanto como se lia antigamente. Eu penso que é nosso dever. Nós que tivemos um pouco mais de oportunidade e tivemos condições de adquirir um pouco mais conhecimento, é a obrigação nossa passar isso para os nossos descendentes, para os nossos amigos, nossos conterrâneos. 

JOSI MARINHO  – O que o senhor espera para os próximos anos? 

25’29’’ – eu espero que eu veja a fundação em um grande espaço, com o museu, com um Cine Teatro, que possa servir para nossa população e com salas para cursos. Aqui é pequeno, então os nossos cursos não podem ser mais do que 15 pessoas, já teve com 20, mas o espaço é pequeno.  Esse com 20 teve que ser na parte externa aqui, que é grande, mas não temos uma cobertura adequada para isso. O Sol a chuva atrapalha a gente. 

TRILHA

JOSI MARINHO  – Foi um prazer imenso conhecer a fundação e o museu. É uma história encantadora. É realmente conhecer a cidade através dos objetos que atravessaram o tempo. Muito obrigada por tanto conhecimento compartilhado. 

26’50’’ – Eu que agradeço. A Fundação precisa disso, divulgação. Quanto mais gente sabe desse espaço aqui, mas vão vir, vão trazer mais acervo, vão divulgar. Com isso a nossa história não vai ser apagada. Eu quero que fique um legado, fique um recado. Exemplos que sirvam de espelho pra que as pessoas possam Crescer. Porque uma pessoa sem história, sem saber o seu passado, fica uma árvore sem raiz. Não tem sustentação. 

JOSI MARINHO  – E quem quiser visitar…, o Museu Jader de Andrade funciona de terça a sexta-feira, das 8h da manhã até o meio-dia. Aos sábados o horário é das 9h da manhã até o meio-dia. Já aos domingos o funcionamento é das 3h da tarde até às 5h30 da tarde. O museu fica localizado na Rua Almirante Barroso, sem número, ao lado do Ministério Público, no Bairro Três Cocos, em Timbaúba, na zona da mata norte de Pernambuco. Vale a pena a visita!  

ENCERRAMENTO

JOSI MARINHO – E a gente também agradece a você que chegou até aqui com a gente.  É assim que termina o quinto episódio da Temporada Especial do Podcast Nossa História, Nossa Memória sobre os patrimônios materiais e imateriais da zona da mata  

Nesta temporada, o projeto conta com apoio da Universidade de Pernambuco, Campus Mata Norte; do Ponto de Cultura Poço Comprido; Patrimônio Vivo e Ponto de Cultura Banda Curica; Patrimônio Vivo e Ponto de Cultura Banda Revoltosa; da Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, que é patrimônio vivo e ponto de cultura. São parceiros, ainda, o Ponto de Cultura Bloco Rural Caravana Andaluza; Associação dos Mamulengueiros e Artesãos de Glória do Goitá; o Museu do Mamulengo de Glória do Goitá; Banda Musical Euterpina de Timbaúba, patrimônio vivo de Pernambuco.

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– Na equipe deste podcast João Paulo Rosa com a trilha sonora. 

– O jornalista Gedson Pontes com roteiro e montagem.

– A produtora cultural Crislaine Xavier com a audiodescrição.

– Alisson Santos com a gravação. 

– Videomaker: Julio Melo. 

– Designer: Murilo Silva.

– Web designer: Saulo Ferreira   

– Apresentação e produção da jornalista Josi Marinho.