Este episódio homenageia a memória de Manoel Vieira, pai de Narciso Vieira da Silva, ambos mestres em tradições culturais de Pernambuco. Narciso partilha a história do Bloco Rural Estrelinha de Nazaré da Mata, fundado em 1962, discutindo as cores tradicionais do grupo, a influência de seu pai e a música que define o bloco. O episódio também aborda o impacto da modernidade nas tradições e a relevância cultural do bloco na comunidade.
ROTEIRO – 19 – MESTRE NARCISO VIEIRA DA SILVA
JOSI MARINHO – LOCUTORA JOSI MARINHO
DESC – DESCRIÇÃO CRIS XAVIER
TEC – TÉCNICA
JOSI MARINHO – (VOZ CALMA, RESPEITOSA, LUTO) Este episódio é uma homenagem a duas figuras importantíssimas da cultura popular pernambucana. A história de dois mestres, pai e filho. O pai que iniciou um legado cultural. O filho que seguiu os passos do mestre: o próprio pai. O Nossa História, Nossa Memória teve a honra de registrar a história dos mestres Manoel Vieira e Narciso Vieira da Silva. Pai e filho. Depois da gravação desse episódio, Mestre Manoel vieira faleceu. Fica aqui a homenagem, a solidariedade para a família e o registro do trabalho dele para toda eternidade.
JOSI MARINHO – Este é Podcast Nossa História, Nossa Memória, realizado com o incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco.
JOSI MARINHO – Eu sou a jornalista Josi Marinho. Mulher negra, produtora cultural e realizadora desse projeto.
JOSI MARINHO – O convidado de hoje é o mestre Narciso Vieira da Silva. Como vimos, ele é filho de Manoel Vieira da Silva. Narciso tem o pai como a maior referência cultural. É por isso que as histórias dos dois se entrelaçam. Narciso vai falar muito do pai durante nossa conversa.
JOSI MARINHO – Vamos entender essa paixão desde o início. O Bloco Rural Estrelinha é uma importante manifestação cultural da zona da mata de Pernambuco. Ele foi fundado em 15 de março de 1962, em Nazaré da Mata, na zona canavieira. Em 2024 o grupo fez 62 anos.
JOSI MARINHO – Daí por diante os dois resolveram investir tempo e dinheiro para que o estrelinha voltasse as ruas.
JOSI MARINHO – Por que da escolha das cores verde e branco?
JOSI MARINHO – Já entrou outra cor aí: … O azul…! Como foi para convencer o seu pai, mestre Manoel Vieira? Pelo que me parece ele era muito apegado as cores verde e branco.
JOSI MARINHO – Mestre Narciso, seu Antônio do Amendoin… Chegou a contar como esse bloco nasceu?
JOSI MARINHO – E o desfile do bloco acontecia apenas no carnaval?
JOSI MARINHO – A gente fica imaginando ‘como era essa época?’
JOSI MARINHO – E o senhor lembra de alguma história?
TRILHA
JOSI MARINHO – A zona da mata, historicamente, foi dominada pelo patriarcado e também pelo machismo. Um cenário que mudou um pouco ao longo dos anos. Nosso podcast já contou histórias de mulheres protagonistas da cultura popular. Mulheres que até mudaram certas tradições. Como é no bloco estrelinha?
JOSI MARINHO – Mestre, agora eu queria propor um desafio de descrição e imaginação. Eu gostaria que o senhor contasse pra quem está ouvindo como é formado o bloco? Como ele se movimenta?
JOSI MARINHO – Isso durante todos os dias do carnaval?
JOSI MARINHO – O que está por trás de uma brincadeira como essa? O bloco tem os mesmos ritos do maracatu? A religiosidade é presente antes, durante e depois das apresentações?
JOSI MARINHO – O bloco rural não seria igual?
JOSI MARINHO – Um resguardo? Que resguardo é esse?
JOSI MARINHO – O senhor acha que essa religiosidade, o sincretismo… Têm se perdido nos dias de hoje?
JOSI MARINHO – Qual o maior desafio para colocar o bloco rural estrelinha na rua?
JOSI MARINHO – Vamos falar de música? Mestre, conta pra gente um pouco sobre a musicalidade do bloco… Como é o terno? Qual a relação do bloco com o frevo rural? Como é a batida, … O movimento?
JOSI MARINHO – AH… Eu vou querer saber como é essa pancada…
JOSI MARINHO – Como assim? O seu pai, Mestre Manoel Vieira, vendeu o terno sem o senhor saber?
JOSI MARINHO – O Bloco Estrelinha está situado em uma sede provisória, que fica na Rua Joana Gomes de Melo, Loteamento Paraíso, bairro do Juá, em Nazaré da Mata. Era a casa do mestre Manoel Vieira.
JOSI MARINHO – É um espaço improvisado?
JOSI MARINHO – É fácil encontrar a sede do bloco?
JOSI MARINHO – E falando nele… Durante a nossa conversa, mestre Manoel Vieira já estava um pouco ansioso para também participar. Afinal … A história do bloco não existe sem ele.
JOSI MARINHO – Voltando ao assunto… A sede do bloco tem uma grande obra de arte.
JOSI MARINHO – (TOM MAIS TRISTE) Infelizmente, mestre Manoel Vieira não chegou aos 100 anos. 2024 foi o último ano que ele viu “as meninas dançando”. Na madrugada da quarta-feira, 19 de junho de 2024, a cultura pernambucana perdeu essa figura emblemática. Mestre Manoel Vieira faleceu aos 92 anos de idade, na casa onde morava, em Nazaré da Mata. A causa da morte não foi divulgada. O mestre dedicou décadas da vida ao Bloco Rural Estrelinha. Nascido em Vicência e criado em Nazaré, ele era um apaixonado pela cultura. Nossa entrevista foi gravada poucos meses antes do falecimento. As falas do mestre Manoel e do filho dele, mestre Narciso, ficam documentadas aqui como registros de uma boa obra. Essa é uma homenagem do Nossa História, Nossa Memória a quem tanto colaborou para o cenário cultural.
TRILHA
JOSI MARINHO – Ainda na nossa gravação o filho do mestre Manoel falou da alegria de ver o pai aos 92 anos ainda imerso no cenário cultural. Optamos por não cortar essa parte da entrevista.
JOSI MARINHO – Você acabou de ouvir pai e filho entoando versos. Mestre Manoel respondia nossas perguntas cantando. Perguntamos a ele sobre o amor pelo Estrelinha. E ele respondeu assim:
JOSI MARINHO – Mestre Manoel Vieira deixou seis filhos e 14 netos. Nossos sentimentos a família.
ENCERRAMENTO
JOSI MARINHO – E a gente também agradece a você que chegou até aqui com a gente. É assim que termina o quinto episódio da Temporada Especial do Podcast Nossa História, Nossa Memória sobre os patrimônios materiais e imateriais da zona da mata
Nesta temporada, o projeto conta com apoio da Universidade de Pernambuco, Campus Mata Norte; do Ponto de Cultura Poço Comprido; Patrimônio Vivo e Ponto de Cultura Banda Curica; Patrimônio Vivo e Ponto de Cultura Banda Revoltosa; da Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, que é patrimônio vivo e ponto de cultura. São parceiros, ainda, o Ponto de Cultura Bloco Rural Caravana Andaluza; Associação dos Mamulengueiros e Artesãos de Glória do Goitá; o Museu do Mamulengo de Glória do Goitá; Banda Musical Euterpina de Timbaúba, patrimônio vivo de Pernambuco.
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– Na equipe deste podcast João Paulo Rosa com a trilha sonora.
– O jornalista Gedson Pontes com roteiro e montagem.
– A produtora cultural Crislaine Xavier com a audiodescrição.
– Alisson Santos com a gravação.
– Videomaker: Julio Melo.
– Designer: Murilo Silva.
– Web designer: Saulo Ferreira
– Apresentação e produção da jornalista Josi Marinho.
– No nosso canal do Youtube, nossos episódios estão traduzidos em Libras – Língua Brasileira de Sinais pela tradutora Ewelyn Xavier
– Coordenação geral e reportagem do jornalista, documentarista e produtor cultural, Salatiel Cícero.
A gente te espera no próximo episódio !!!! Até lá!!!