MARACATU CAMBINDA BRASILEIRA

Mergulhe no mundo da Cambinda Brasileira, um grupo de dança tradicional que celebra a herança afro-brasileira. Aprenda como eles mesclam ritmo, movimento e traje para manter vivas as histórias de seus ancestrais, envolvendo novas gerações no coração do mosaico cultural do Brasil.

ROTEIRO – 8 – MARACATU CAMBINDA BRASILEIRA

JOSI MARINHO – LOCUTORA JOSI MARINHO

DESC – DESCRIÇÃO CRIS XAVIER

TEC – TÉCNICA

 JOSI MARINHO – bem vindos ao Podcast Nossa História, Nossa Memória, realizado com o incentivo do Funcultura,  Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco.

 JOSI MARINHO – Nós começamos esse episódio com muito maracatu. 

TRILHA

 JOSI MARINHO – Você acabou de ouvir o Maracatu Cambinda Brasileira, de Nazaré da Mata. Ele está no foco do nosso podcast. Eu sou a jornalista Josi Marinho. Mulher negra, produtora cultural e realizadora desse projeto.

DESC – E eu sou Cris Xavier, mulher negra e produtora cultural. Você já sabe que este podcast conta com recursos de audiodescrição. Ele é importante para contar histórias para pessoas com deficiência. Esse som … (pausa) … Indica que você vai ouvir minha voz descrevendo algo importante do nosso episódio. 

 JOSI MARINHO – Nossa conversa hoje acontece em Nazaré da Mata, cidade da zona da mata norte de Pernambuco. Nazaré fica a mais de 70 km da capital recife. A cidade é conhecida pela tradição do caboclo de lança e do maracatu de baque-solto e recebe o título de capital estadual do maracatu. 

TRILHA

 JOSI MARINHO – É na zona rural de Nazaré, nas terras do Engenho Cumbe, que vamos conhecer o Maracatu Cambinda Brasileira. Ele ostenta o título de maracatu mais antigo em atividade no brasil. No dia cinco de janeiro de 2024 ele completou 106 anos. O grupo surgiu logo no início do século 20. O ano era 1918, mas quem vai contar pra gente a história desse Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco é José João Estevão da Silva, mais conhecido como Zé Estevão, que herdou de seu pai o legado de seguir tocando a brincadeira. Ele é filho de um dos primeiros donos do maracatu, o João Padre. 

DESC – Zé Estevão é um homem negro, de 71 anos, usa bigode,  cabelos curtos e grisalhos e um chapéu no estilo panamá. Nossa conversa acontece na sede do Maracatu Cambinda Brasileira, que fica no Engenho Cumbe, em Nazaré da Mata. O local é cercado por uma plantação de cana-de-açúcar, e é bastante arborizado. A casa que abriga a sede do grupo é simples e pintada na cor amarela. Em frente a ela um vasto espaço com piso de terra. É assim, ao ar livre, onde nossa conversa acontece.  

 JOSI MARINHO – Zé Estevão toma conta da sede do maracatu e brinca de caboclo.  Mestre é muito importante e gratificante pra gente conversar com alguém que sabe tanto sobre cultura de tradição raiz, e principalmente sobre maracatu.  

0’55’’ – Eu já fui mestre de caboclo, já puxei cordão. Hoje estou trabalhando no miolo, dominando REI AMAR e as baianas. 

 JOSI MARINHO – Mestre o senhor tem 71 anos e deve ter também tantas histórias sobre o Cambinda Brasileira. Mas a gente queria começar pela fundação. Quem foram os idealizadores e de onde veio o nome Cambinda? Afinal, o que é Cambinda? 

DESC – Para quem não sabe cambinda é um peixe pequeno e de água doce, também conhecido como piaba. É muito valorizado na gastronomia da região da mata norte. Pode ser consumido acompanhado com  macaxeira,  cuscuz, com farinha de mandioca e, claro, até puro! Uma delícia …  

 JOSI MARINHO – agora que sabemos o que é uma cambinda… Por favor, mestre, nos conte um pouco mais sobre o início de tudo. 

01’20’’ – Vou começar do começo do Maracatu. Esse Maracatu era Cambinda Rosa. O primeiro dono, foi Severino Lotero, quando era Cambinda Rosa. Aí morreu. Aí meu pai começou a tomar conta do Cambinda Rosa. Houve um desentendimento do meu pai com o mestre. Porque ele foi brincar num engenho aqui, Maré. Ele veio para a sede na terça-feira à tarde para o café do povo, para tomar café quando voltasse aqui da Federação e mandou o mestre esperar por ele em baixo. Aí o mestre passou direto com Maracatu. Ele enraivou-se e não queria mais acompanhar o Maracatu. A mãe dele disse “você vai, embora no outro ano você não brinque mais.” Ele foi enraivado e quando voltou da terça-feira à noite, entregou o Maracatu. Aí começou no engenho, com a patroa, que era uma moça já de idade. Ela colocou os trabalhadores todos para pescar, fazendo a pescaria no Açude. Pegaram um peixe muito bonito e disseram: “olha aí compadre, tá parecendo com uma cambinda.” Ela disse: “traga esse peixe aqui.” Ele levou o peixe em cima da varanda. “tão dizendo ali que está parecendo com uma cambinda, né?” Ela disse: “é. E a partir de hoje o nome do seu maracatu é Cambinda Brasileira. E esse nome nunca vai ser mudado. Vai ficar para pai, filho e neto.” Hoje tá no filho. Já passou pelo pai, né? Tá no filho e neto já tá tudo encostado aí. Quando o filho não tiver mais condição, os Neto já estão conseguindo. Por isso, que nós agora colocamos a diretoria todinha da família. Daqui para frente tá tudo em casa. Não sai mais pra fora. 

DESC – A senhora citada por Zé Estevão é dona Rosinha Borba, que era a matriarca da família e  dona do engenho. Foi dona Rosinha quem deu a primeira bandeira ao Cambinda Brasileira. Naquele mesmo ano, em 1918, o maracatu saiu pelas terras do engenho, em pleno domingo de carnaval. A primeira apresentação foi para a família de dona Rosinha. Já o pai do nosso entrevistado é o João Estevão da Silva, conhecido como João Padre. Ainda vamos ouvir muitas histórias dele nesse episódio. 

 JOSI MARINHO – Mestre, e para o senhor, o que é cambinda? 

03’28’’ – Cambinda é o quê? Cambinda é Maracatu de história, Maracatu tradição, centenário e Patrimônio Vivo. Daqui para frente ele tem que trazer aquela união de todos. É um por todos e todos por um e que bater o barco para frente. 

 JOSI MARINHO – É muita força para um grupo centenário que exalta o maracatu. A brincadeira popular, maracatu, em 2014 foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Já o Cambinda Brasileira, como vimos, é Patrimônio Vivo de Pernambuco. Como manter tudo isso de pé? 

03’55’’ –  Eu ainda tenho um bom juízo. Eu gravo essa palavra todo dia. Eu ouvia meu pai falando e eu gravando né… Eu tinha dois filhos. Um brincou dois anos. A menina brincou dois e um filho brincou quatro anos. “Ah painho, eu não quero brincar mais não.” Aí já vai caindo a tradição, né? Um pouco, né? – “Mas rapaz, vamos brincar?” – “Vou não, painho. Vou ficar por aí só acompanhando” Um entrou agora na diretoria. A menina disse que não quer brincar mais. Tudo bem. 

 JOSI MARINHO – O senhor disse que enfraquece a tradição. E como o senhor analisa isso? Imagino a dificuldade para administrar os integrantes e também a família.  Outras pessoas da família largaram o maracatu?  

04’32’’ – Meu irmão é pai de 10 filhos. Hoje se encontra no maracatu só um. O resto aceitou o evangelho. Tenho sobrinho; João, meu irmão, que é pai de Fifia e Dinho, que tão aí. Começou no terno, depois Fifia teve um desentendimento e saiu para Estrela de Buenos Aires. Aí eu por cima dele: “vai ajudar teu pai, rapaz. Teu pai tá ficando cansado.” Aí eles voltaram. Fifia ficou na diretoria e Dinho ficou no termo. Hoje Fifia ganhou a frente como presidente. A filha do outro, Antônio, é a vice-presidente. Aquele dali é o vice-secretário, é filho da minha irmã que morreu.  

 JOSI MARINHO – Me parece ser uma característica do cambinda: … A relação familiar… O passar de pai pra filho. 

05’35’’ – É, entendeu? Daqui para frente eu já estou quase encerrando minha carreira. Estou quase encerrando a carreira. Mas enquanto eu puder balançar o chocalho eu estou batendo. 

 JOSI MARINHO – É admirável essa disposição! 

Olha, eu saí do clube no domingo de carnaval para Nazaré, a pé. Aí volto. Quando vou voltando lá vem os carros e meio mundo de turista: “bora, bora?”. Eu disse: “não, eu saí de casa a é e volto a pé”. Dá 11h para meio-dia eu estou chegando em casa. Meio mundo de gente, veio uma turma de Natal, lotado de Natal: “oh Zé, oh Zé, venha simbora”, dizendo pra mim. “Daqui a pouco estou chegando.” Se não fosse essa Cambinda, pra mim não existia o carnaval.  E e eu moro sozinho lá na sede. 

 JOSI MARINHO – O senhor mora sozinho? Aqui na sede? 

06’34’’ – Eu moro sozinho. Os outros dizem assim: “você é um cabra corajoso. Você dormir aqui sozinho”. Sem medo, não vejo nada. 

TRILHA

 JOSI MARINHO – Em outros episódios a gente conheceu um pouco sobre o maracatu de baque-solto, também chamado de maracatu rural. Como funciona a brincadeira… Quais os personagens…. E principalmente sobre o caboclo de lança,  um personagem importante e muito lembrado quando se fala do maracatu. Vamos relembrar? 

DESC – O maracatu de baque solto surgiu na zona da mata de Pernambuco, baseado nos costumes indígenas e sofreu influência africana. O som é característico de tambores, chocalhos, flautas… Os integrantes se vestem de forma colorida e variada, com fantasias que representam tradições raízes como bumba-meu-boi, cavalo-marinho. No maracatu de baque solto tem rei e rainha,  mas a figura que se destaca é o caboclo de lança, que sempre usa vários adereços confeccionados a mão, de forma artesanal. São eles:  a gola, que é uma espécie de manta longa,  colorida,  com lantejoulas bordadas e muito brilho. A calça geralmente é de tecido de chita e com lã. Os rostos sempre pintados com carvão ou batom vermelho. Outras características são óculos escuros e um cravo branco na boca. Nas costas ele carrega um objeto chamado surrão, onde ficam presos os chocalhos. Na cabeça uma enooorme  cabeleira brilhante e nas mãos uma lança de madeira com cerca de dois metros de cumprimento e adornada com várias tiras de tecidos coloridos. 

 JOSI MARINHO – Mestre, o senhor é caboclo de lança… O que passa na sua cabeça quando põe o surrão nas costas e sai desfilando pela cidade? 

07’57’’ – Quando eu saio de casa, antes de me vestir eu fico pensando. Na noite de sábado, fico pedindo que chegue, amanheça o dia para me vestir. Oxe, pra mim é meu esporte.  É Maracatu. Para meu pai também era e meu esporte é o maracatu. Quando chega a tarde a gente sente aquele prazer, aquela alegria, aquela cabocaria, Baianá, Reamá, tudo chegando e o mestre cantando. Pra mim é uma alegria muito grande. A gente fica muito satisfeito, pedindo a Deus para sair e chegar em paz. 

TRILHA

 JOSI MARINHO – O maracatu também é uma tradição conhecida pela rivalidade. Antes essa rivalidade era muita aflorada. É comum se você conversar com os mais velhos, alguém dizer que tinha ou ainda tem medo do caboclo de lança. É que a figura do guerreiro não era só uma figura. Existiam batalhas e muitas eram sangrentas. É uma história de ideias, tradição e misticismo. Com mais de 100 anos de história, o Cambinda, que também é ponto de cultura de Pernambuco, passou por praticamente todas a fases dessa brincadeira. No episódio cinco do nosso podcast, falamos sobre a Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, fundada por Mestre Salu. A gente conheceu melhor o perigo da brincadeira de tempos atrás. 

DESC – Antigamente, a tradição era muito forte e durante os carnavais até se tornava uma brincadeira perigosa. É que os caboclos de lança batalhavam entre si… E sempre saia algum ferido. Os grupos eram rivais e nas batalhas um caboclo terminava furando o outro, do grupo rival… Mas alguém percebeu que isso estava acabando com a cultura… Que as pessoas tinham mais medo do que admiração e que os grupos estavam cada vez mais sumindo… Daí a ideia de unir todo mundo. Isso começou em 30 de setembro de 1989,  quando Manoel Salustiano Soares, conhecido com Mestre Salu,  fundou a Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco.

 JOSI MARINHO – Vamos conhecer algumas histórias dessa época das batalhas mais ferrenhas? 

08’56’’ –  Não pense que hoje acabou-se a rivalidade de Maracatu. Acabou-se a rivalidade da parte de briga. Mas em parte de macumba, é cacete por trás para derrubar o outro. A gente tem que estar alerta. A gente vai a um ensaio ali na sede do clube é muita gente, é gente. Os adversários dizem: “como é que ele bota um ensaio desse aqui e não acontece nada de confusão. Vão até 7h do dia manobrando.” Sem acontecer nada. Quando o velho tava vivo era assim e agora que ele morreu continua a mesma coisa. Era uma banda de maracatu muito experiente e a gente conseguiu a mesma coisa.  

 JOSI MARINHO – O Cambinda começou pequeno e também foi muito ameaçado. 

15’28’’ – Cambinda Brasileira quando começou, veja o tamanho. Começou com 13 caboclos, a burra e a catita. Era esse o tamanho. Mas teve um ano que aqui na rua , o Cambinda brincou no palanque e desceu. Quando chegou no beco ali na rua do rio, a Estrela da Tarde fechou o caminho. Meu filho, aqui não passa ninguém. Meu pai olhou para os meninos assim: “- e aí, vocês vão passar ou vão voltar?”. Aí disseram para meu pai: “- o sangue dá no joelho, mas a gente passa”. “- Então vamos embora!” Meteram a madeira pra cima e foi pau. Romperam, 13 anos e a Estrela estava com 22. Abriu e Cambinda passou. O senhor de engenho do clube era seu Toinho Borba, um comissário aqui de Nazaré: “ – João, tem alguém furado?” Ele disse: “ – Não tem ninguém.” “ – Volte para o palanque e faça outro desfile. A Estrela está presa. Só vai ser solta na quarta-feira às 5h da tarde. E não leve desaforo para meu engenho que eu meto o cacete”, ele disse. Era pau, era cacete. E lá na sede de 15 em 15 dias tem um treinamento. Pra pegar a arrumação de Cambinda tinha que ter um treinamento no domingo a tarde. 

 JOSI MARINHO – E como era esse treinamento?  Era uma preparação para enfrentar o maracatu adversário? … Uma batalha ou guerra, é isso mesmo?

17’21’’ – Do cacete. Era de baixo da estrada até o batente da casa. O mestre caboclo ia buscar o folgazão travado do cacete. Pá, pá, pá…. o caboclo que resistisse o cacete do mestre caboclo quando encostava: “pode dar a armação ao menino, que o menino presta.” Já era preparado para quando encontrasse o o outro maracatu para briga. 

18’10’’ – Para ir buscar uma baiana fazia uma reunião. A baiana tudo era homem. Não existia mulher já por causa da agressão. Qual caboclo que vai pegar a baiana em tal engenho? Tinha gente que baixava a cabeça com medo. Porque quem encontrasse caboclo perigoso no meio do caminho, tomava a baiana e levava para o outro maracatu. O mestre caboclo era um tal de João de Manca, perigoso, perigoso todo. Ele dizia: “ – Compadre, deixe aí. Isso é uns caboclos fracos. Deixa que quem vai buscar sou eu. Eu quero ver quem é que toma na minha mão.” Ele ia e trazia. O povo todo tinha medo dele. Uma distância como daqui para a catedral vinha um maracatu brincando e ele ia subindo sozinho. “ – Que caboclo é aquele? – É João de Manca. – Vixe, se prepara que aquele homem é perigoso.” Quando pensava que não ele passava por dentro e já tava lá na frente. Com a bengala, a guia dele que ele dominava numa mão só. Brincou, brincou, brincou, desfilou um tempo e desapareceu. Ninguém sabe pra onde ele foi. Se encantou-se. 

 JOSI MARINHO – O senhor já participou de algum momento assim? Já presenciou um desses conflitos? 

19’58’’ – Não, eu não participei não. Sabe por quê? Eu tenho 41 anos de caboclo. Brinquei quatro anos naquele guarda-chuva, mas desse tempo para cá, não existia mais, tinha se acabado. Porque o presidente da associação, que era Manezinho Salu, chamou todos os presidentes de maracatu para se unir. Aí parou. Meu pai naquela época não deixava a gente brincar não. Nem eu, nem meu irmão. “- Você não brinca não. Porque vocês podem ser a primeira vítima num confronto de uma maracatu com outro.” Depois que parou, aí comecei. Comecei no primeiro ano e meu irmão pegou no outro. Eu fiz minha minha arrumação. No segundo passei minha arrumação para o outro e fiz a minha, e fui fazendo, fazendo. Todo ano eu fazia e passava para outro caboclo. O maracatu foi crescendo. 

 JOSI MARINHO – Apesar de não participar dos conflitos… O senhor já topou com algum caboclo adversário mais exaltado? 

22’26’’ – Um camarada trabalhava junto comigo e dizia assim: “ – No carnaval eu te pego. – Rapaz, para com essa brincadeira.”  Todo dia, todo dia, todo dia. Cortando cana e ele trabalhava cortando cana também. Todo dia: “ – Eu te pego domingo de carnaval.” O povo diz que o caboclo esquerda é perigoso. 

 JOSI MARINHO – O caboclo esquerda é o que brinca do lado esquerdo?

22’57’’ – É que trabalha na guiada do lado esquerdo e é difícil o caboclo da direita tirar. Aí está bom domingo.. “No domingo de carnaval vou me vestir e pego ele. Ele disse que ia me pegar.” Aí eu subi, ele vinha pela outra. Chegou meio-dia e a gente não se encontrou. E brincava tudo comigo no maracatu. Quando foi no domingo de páscoa ele disse “ – não te peguei no domingo de carnaval, mas pego node pascoa.” Eu disse tá bom, certo. Domingo de páscoa eu me vesti. Cheguei na casa do avô dele, estava o filho dele. “ – Vamos buscar um caboclo ali no Engenho Juá? – Bora.” A gente foi. Na volta, perto da sede do clube, num colégio, eu olhei assim, um chapéu vermelho. “Isso é ele. Vai ser agora”. Aí lá vem, lá vem, lá vem. Os meninos vieram na minha frente. Vieram cinco comigo e receberam ele. Aí eu me atrasei. Vou esperar ele. Quando eu me atrasei ele armou dois bicos em cima de mim. Eu cortei. “A terceira tu não colocar não. Tu vai engolir ela agora”. Se ele não tivesse tirado a cabeça, ia pegar na goela dele. Pegou no chapéu. Ele disse assim: “ – mas rapaz, eu coloquei em tu brincando. – Não tire esse tipo de brincadeira comigo que eu não gosto. Você passou o tempo todo dizendo que ia me pegar. E eu vou deixar tu me pegar, é? – Nunca mais eu tiro uma brincadeira dessa com ninguém porque tu quase que me fura.” Eu ia varar ele no pescoço, de um canto para o outro. De lá para cá, eu saio só e saio com meus amigos tudinho, mas não tive confronto com ninguém. 

 JOSI MARINHO – Em algum desses conflitos os ânimos se exaltaram demais e teve algum episódio de morte?  

21’16’’ – Tinha, aconteceu isso. A gente era tudo criança. Meu pai disse que tinha confronto de caboclo com o outro. Quando estava na guiadas, caçada nos engenhos, nas estacas o caboclo ficava espetado. Teve um ano que ele foi pra ao hospital, antes da véspera de São João. No dia de São João quem foi fui eu. Ele numa cama e eu na outra. E nesse corredor tinha um camarada deitado. Olha o buraco no olho… Ele muito enxerido, veio pra cima de mim e eu dei uma pregada dentro do olho dele. ELE não me conhece e eu conheço ele. O filho dele brincando com a gente e ele nunca soube. 

TRILHA CALMA

 JOSI MARINHO – (VOZ MAIS CALMA) O exemplo do seu pai é muito forte para você e sua família, num é?.  Em 2023 fez 28 anos da partida dele.  É aquilo que aquela senhora falou para ele: passar a tradição de pai para filho e para netos.  Até nos últimos dias do seu pai ele pensou no maracatu, não é mesmo?

9’30’’ – E ele disse que se morresse no domingo de carnaval, enterrasse ele, voltasse e tirasse o Maracatu. Era uma dor muito grande, né? Muito grande. E ele, levamos para o hospital na quinta-feira.  Quando cheguei, quando foi na sexta feira, peguei a aposentadoria dele, quando tirei ele do carro e sentei ele na mesa assim…, ele pediu uma xícara de café para minha mãe. Ela botou um café e um pãozinho assado na manteiga e ele disse assim: “- Oh, meu filho, eu nunca lhe disse na da, mas agora vou lhe dizer. Não tem mais jeito. Não me leve mais para canto nenhum, que não tem mais jeito. Hoje tirei o dia, mas a noite eu não tiro.” “ – Que conversa é essa que o senhor tá dizendo?” “- Tô dizendo a você. Eu sei o dia e a hora que eu vou.” Quando deu 10h da noite ele começou a sofre, sofrer, pediu que tirasse ele da cama, para levar para de baixo da sede. Eu disse: “não, uma hora dessa o senhor ir pra de baixo da sede. Não.” “- Me leve”. Tiramos ele da cama, colocamos ele na cadeira. Ele ficou lá sofrendo. Quando deu 11h30 eu saí para casa da mãe dele, para chamar ela que é a mais velha. Quando eu cheguei ele estava findando. Ela deu a benção e ele não tava falando mais. Fez assim oh…. E morreu pedindo para levar o maracatu, porque o maracatu ia para Garanhuns. Eu saí de carro e levei o povo. A minha mãe foi a mesma coisa. Fui pro Recife, eu tava na casa da minha irmã, fantasia tudo pronto para viajar para Garanhuns. A menina ligou: “- oh tio,vovó acabou de falecer agora.” Eu vim aqui para a sede. Eu vi quando a resta passou aqui. Ela passou: “- leve o povo”. Hoje eu ainda fico pensando porque de tanta gente no enterro do meu pai e minha mãe. E  não veio mais gente porque muita gente não sabia. Ficou na história. Disseram que tava parecendo o enterro do rico. Tanta gente e o carro acompanhado. Pegamos a bandeira e estendemos em cima do caixão. Quando chegou na porta do cemitério tiramos a bandeira, porque se entrasse com a bandeira, eu não estava enterrado só ele não, estava enterrando o Maracatu também. Tiramos e até hoje a gente continua na luta. 

 JOSI MARINHO – Qual o desafio de manter o maracatu sem eles? 

13’08’’ – a gente sente muito isso aí, porque toda vez que vem o carnaval, quando eu me visto, eu vejo a resta dele. Eu choro, eu choro, choro, choro depois aquilo passa. Eu me visto e vou embora. 

 JOSI MARINHO – O senhor ainda o sente presente no maracatu?

13’34’’ – E ele não sai do Maracatu não. Ele tá de dentro. Ninguém vê, mas dali ele não sai não. Foi embora a carne, mas o espírito ficou. 

TRILHA

 JOSI MARINHO – A tradição do maracatu também é cercada de mistérios e misticismos. tem muita espiritualidade envolvida. 

25’25’’ – Olha, depois de inventar esse negócio de confronto, de espírito, tem muito Caboclo que se prepara pesado, para pegar outro.

 JOSI MARINHO – Acontece ainda hoje?

– ainda acontece. O cara não facilite não que acontece. Porque na reunião que fizeram lá em Aliança, o presidente disse: “Olha, não só o Maracatu não, o Caboclo também viu? Se encontrar com outro e brigar. Serão cinco anos punidos sem brincar.” Para o maracatu é ainda pior. Depois para levantar esse povo dá trabalho.

 JOSI MARINHO – Se todo ano já dá um trabalho, imagina de cinco em cinco anos… 

Exatamente

 JOSI MARINHO – Hoje, como é a rivalidade entre os grupos? 

35’31’’ – hoje a vaidade do maracatu tá na fantasia. Um quer fazer mais bonito do que outro. Eu mesmo faço a minha. Eu toco em casa. Se quiser me ver, venha no domingo de carnaval. Era o que meu pai fazia. Ele fazia a fantasia e ninguém via. Em casa só a família. Vinha uma pessoa e ele escondia para ninguém ver. Só domingo de carnaval… ainda tem muito caboclo assim. Montamos uma diretoria. Estava fazendo uma gola, um chapéu. Aí o cara pegava, batia a foto e jogava no grupo do zap: “olha aí o que o Cambinda tá fazendo.” Um mestre de Maracatu veio a mim e reclamou: “rapaz, já tão sabendo o que vocês estão fazendo. – Como assim você tá sabendo? – Tem um diretor de vocês que está batendo a foto e jogando para o grupo. Manda acabar com isso.” Foi Barachinha, ele reclamou. Depois Manezinho veio aqui e fez uma reunião e disse: “ – É você que tá fazendo isso? Acabe com isso. Você tá trabalhando errado.” É pra fazer tudo caladinho. 

TRILHA MARACATU

 JOSI MARINHO – Tem que ter muita disposição para estar a frente do Cambinda Brasileira… O maracatu mais antigo em atividade do Brasil. Mas também tem que ter disposição para ser integrante do grupo. Hoje 180 pessoas fazem parte do Cambinda e tem mais gente querendo entrar. 

14’29’’ – a gente bota tanta gente assim e ainda tem gente querendo mais. A despesa é grande demais. Só que muito caboclo quer exposição, mas não tem. A gente não vai tirar o que a gente tem, para colocar outro que vem de fora. 

 JOSI MARINHO – E como é a preparação do caboclo para o carnaval? 

26’27’’ – Todos os caboclos têm seu preparo. Cada um vai para casa do seu padrinho e madrinha e se prepara. Eu não me preparo não. Eu em casa mesmo eu faço. Quando eu saio de casa já saio preparado. 

 JOSI MARINHO – Isso inclui o quê? Orações, ritos? 

26’55’’ – Tem muito de oração que é  ais perigoso do que espírito. A oração. Na oração ali tá tudo certo. Tem muitos que vão para casa do padrinho. Passa um reza, uns banhos para ele. Ali já tá solto. “ – Vá embora que não vai acontecer nada. Três dias está seguro.” Agora tem uma coisa e muitos não cumprem a regra. Ele tá preparado, se prepara no sábado de Zé Pereira, mas antes do sábado de Zé Pereira são sete dias para caboclo. São sete dias sem dormir nem acordar perto de mulher. Ali ele tá certo. Dentro do Cambinda faleceram dois desse jeito. Preparou-se e quando ele chegou na sede para fazer a manobra, de baixo do pé de jaca do terreiro… pá… ali caiu vomitando…. botava uma gosma pra fora. A catita experiente chegou perto dele e passou o zeré, fez carreira e se jogou na cana e voltou. “- Você tá preparado para brincar o maracatu?” Ele disse: “ – tô. – tá não. Diga que você não errou essa noite. Você se preparou e errou essa noite. – Errei. – Pode ficar sabendo que se você ficar errando dentro do Maracatu, você vai ser um caboclo morto dentro do maracatu.”

 JOSI MARINHO – A tradição tem que ser levada a sério.  Não dá pra fazer escondido e achar que ninguém tá vendo.  

– 28’50’’ – É. Meu pai já tava doente. Faltavam 15 dias para carnaval. Eu não trabalho com negócio de espírito, mas eu tenho corrente para isso. Eu vejo as coisas. Com 15 dias para o carnaval eu vejo o maracatu todinho estendido. Que maracatu bonito eu vi. Meia-noite lá vem aquele chocalho pá pá pá, pá. Quando chegou na minha frente ele… fuuu (som de sopro). O caboclo não me deu a frente. Ele arrodeou assim na minha frente e deu as costas e caiu.  Quando deu 12h01… ele foi embora. Eu disse assim “vai acontecer algum problema no Maracatu. Eu não vou dizer nada meu pai, eu quero ver se o meu sonho vai ser realizado.” Chegou no domingo carnaval, os caboclos fazendo a manobra, chegou um caboclo caiu e começou vomitando. Minha mãe foi para dentro preparou um chá, deu pra ele e ele melhorou. “ – Bora almoçar? – Quero não.” Meu pai estava de cama deitado… quando a gente chegou aqui no palanque o maracatu cruzou todinho e o caboclo caiu. O presidente mandou tirar arrumação dele, levou para o hospital e depois o presidente voltou. “ – Como é que tá a situação do Caboclo? – O caboclo se encontra na mão de Jesus. O maracatu agora não vai para canto nenhum. Ele vai para dormida. Eu vou comprar o material e levar para casa da viúva.” Aí eu peguei o carro e fui pra casa. Quando eu cheguei em casa, triste, o velho sentado na mesa. Ele disse: “ – O que aconteceu?” Eu de cabeça baixa. “ – Diga, rapaz, o que aconteceu?” Eu disse assim: “olha pai, aconteceu um problema. Morreu um caboclo.” Ele disse assim: “ – Pra mim não é novidade. Eu sabia que ia acontecer. – O senhora sabia? Eu também sabia. – Quem foi que lhe disse? – Ninguém me disse. Faltavam 15 dias para o carnaval e esse caboclo caiu nos meus pés. Foi um sinal que ele deu pra mim. – Você tá mais experiente do que eu. Você sabia e não me disse nada. 

TRILHA

 JOSI MARINHO – O maracatu tem a ala das baianas. A tradição dos primeiros brincantes proibia a participação das mulheres. Muitos diziam que era por causa da violência na brincadeira. Estudiosos também colocam isso na conta do machismo e do patriarcado. O que se sabe é que os homens se vestiam de mulheres para compor a ala das baianas. Isso mudou. 

32’18’’ – O primeiro Maracatu que botou Baiana mulher foi o Cambinda. O segundo foi outro Maracatu lá de Itaquitinga.  Aí os outros acompanharam e o primeiro que botou rei e rainha foi o Cambinda. Os outros acompanharam. 

 JOSI MARINHO – Tem mais homens ou mulheres no Cambinda? 

– 44’33’’ – é mais homens. Esse ano colocamos 60 baianas. Caboclo tem 60, 90… 

 JOSI MARINHO – Também existem outros elementos que caracterizam o maracatu,  como a bandeira, por exemplo. Também não podemos esquecer de personagens como a catita. 

37’25’’ – A bandeira é o coração do Maracatu. O maracatu que não tiver bandeira não é maracatu. Principalmente o primeiro que o povo vê logo. E a primeira figura do Maracatu se chama a catita, a burra e o Mateus. Vou lhe responder por quê. Porque naquela época… O maracatu tá brincando aqui na casa, a catita e a burra saiam na carreira lá na frente da outra casa, vai perguntar o dono: “ – vai querer o Maracatu pra brincar aqui? – Quero.” Ele dava o sinal. O maracatu já sabia pra onde ia, para onde a catita estava. Se ele fosse na outra casa e o dono da casa dissesse quero não, passava direto. Essa era a primeira figura. A gente tá muito bonito da fantasia, mas ganha a Catita ganha dez pontos de frente. 

TRILHA

 JOSI MARINHO – Mestre a cada fala sua a gente fica encantado com tanta história e com tantos elementos…. O carnaval de 2023 foi importante para todo cenário cultural… Era a retomada de fato, após a pandemia que deixou o setor cultural em um  prejuízo danado.   Como foi a volta do Cambinda às ruas, após a pandemia da covid-19? 

39’000.. – esse ano a gente fez uma corte e ficou na história. No Domingo de carnaval chegava gente que não gosta do Maracatu, chegava e dizia: “ – Rapaz, que miolo do Maracatu pesado que a Cambinda tá esse ano. Que corte!” Aí o cara na foto pá, pá, pá. Batendo e jogando para outro Maracatu. Barachinha chorou… Chorou, o cara bateu e enviou para ele. Isso aí, por trás, tome macumba pra derrubar. “ – Quanto você gastou naquela corte? Rapaz, não teve maracatu nenhum. Derrubou tudinho.” A gente gastou R$ 12 mil só naquela corte. Fizemos aquela corte em 2022, mas não teve carnaval. Fizemos apresentação e o povo ficou olhando. Quando foi em 2023 ele vem do mesmo jeito, só que a gente pagou R$ 10 mil e remodelou. 

 JOSI MARINHO (AR DE CURIOSIDADE) – Tem uma média de quanto vocês investem por ano no maracatu? 

41’13’’ – Mais ou menos… assim do jeito que vai o maracatu vai acabar. 

 JOSI MARINHO( AR DE DÚVIDA E SURPRESA) É caro? 

– Oxe é muito caro. Uma faixa de quase R$ 100 mil conto. É dinheiro. Uma gola dessa que estão fazendo aí… a mão de obra, fora o material… A mão de obra tão cobrando R$ 800 conto, a número 10.  A número 8 é mil reais. Uma maquinada, R$ 700. E o valor de uma guiada? É muito dinheiro. O valor de uma guiada, uma arrumação completa é de R$ 3.500 para ficar bonita 3.500…. O maracatu aguenta é? Quem pega uma ajuda de um e de outro, com ajuda a gente vai para frente. Mas se não for… a verba que vem é pouca. 

TRILHA

 JOSI MARINHO – quem dá vida ao maracatu são as pessoas. No Cambinda 180 pessoas…  Pessoas simples,  cortadores de cana, donas de casa… Jovens, adultos… Qualquer profissão pode brincar, mas tem que ter compromisso. 

46’02’’ – Chegou um cara de São Paulo e me perguntou a diferença do corte de cana para brincar. “Você já tá enfadado, você trabalha pela tarde até 11 horas e meio-dia para tarde vai brincar? Você tá cansado?” Eu disse não. Fica cansado não, chega em casa vai tomar um banho, sacode a roupa no espinhaço e vai embora. 

 JOSI MARINHO (AR DE CONTINUIDADE DE UM PENSAMENTO) – A disposição aparece, não é mestre?  Mas também tem outro momento importante para o maracatu, além do carnaval:  as sambadas. É o segundo maior evento depois das festas de momo. O que são as sambadas? 

46’42’’ – A sambada, a maior coisa que tem na sambada é a gente preparar o mestre. OS folgazões Tudo para brincar. Tem que segurar o mestre, porque o outro mestre vem querer derrubar no desafio um com o outro. A gente quer ganhar, não quer perder. E nessa região aqui não tem terno nenhum para derrubar esse terno aí….

– tem os músicos e tem os ternos. Tem terno que estremece. É bom mesmo. Aí diz assim, não sei como esse terno não muda. Porque sai batedor, entra batedor, mas o som é o mesmo.

DESC – As sambadas do maracatu são celebrações festivas que envolvem música, dança e performances rituais. Geralmente envolvem a participação ativa do público, que incentiva os mestres.  Os mestres batalham entre si com confrontos musicais, destacando a maestria da criatividade e a capacidade de improviso e interação com o público. Eles entoam loas, que são cânticos ou versos declamados durante as apresentações.”

TRILHA

 JOSI MARINHO – O Cambinda é Patrimônio Vivo de Pernambuco, como ressaltamos aqui algumas vezes. O que isso mudou pra vocês? 

47’54’’ – mudou muito. A gente não tinha um recurso para manter o Maracatu do tamanho que tá. Aí depois que se tornou patrimônio, melhorou muito. E aqui na área não tem Maracatu nenhum patrimônio vivo, não. Só tem Cabinda mesmo. As coisas melhoraram muito. Porque meu amigo, a verba é pouca para manter um maracatu. Tem maracatu que tá sofrendo e só tem o nome. Sai todo rabujado. Só tem o nome. Aqui é 18 maracatus em Nazaré, mas só tem a Cambinda, a Ilha Misteriosa e a Estrela de Bi… são os maiores… Maracatu grande e bonito, mas o resto é tudo pequeno. 

 JOSI MARINHO – Mestre Zé Estevão foi uma alegria conversar com o senhor.  Esse nosso papo foi cheio de histórias ricas em conhecimento. Agradeço demais sua participação Podcast Nossa História, Nossa Memória e gostaria que o senhor se despedisse contando pra gente o que o senhor espera dos próximos dias. 

49’25’’ – Eu penso assim… tô querendo encerrar minha carreira, mas eu peço a Jesus que mais para frente. Se eu puder balançar o surrão e a guiada, eu tenho aquele prazer, alegria. Eu quero brincar, não quero parar de jeito nenhum. 

 ENCERRAMENTO

JOSI MARINHO – E a gente também agradece a você que chegou até aqui com a gente.  É assim que termina o quinto episódio da Temporada Especial do Podcast Nossa História, Nossa Memória sobre os patrimônios materiais e imateriais da zona da mata  

Nesta temporada, o projeto conta com apoio da Universidade de Pernambuco, Campus Mata Norte; do Ponto de Cultura Poço Comprido; Patrimônio Vivo e Ponto de Cultura Banda Curica; Patrimônio Vivo e Ponto de Cultura Banda Revoltosa; da Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, que é patrimônio vivo e ponto de cultura. São parceiros, ainda, o Ponto de Cultura Bloco Rural Caravana Andaluza; Associação dos Mamulengueiros e Artesãos de Glória do Goitá; o Museu do Mamulengo de Glória do Goitá; Banda Musical Euterpina de Timbaúba, patrimônio vivo de Pernambuco.

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– Na equipe deste podcast João Paulo Rosa com a trilha sonora. 

– O jornalista Gedson Pontes com roteiro e montagem.

– A produtora cultural Crislaine Xavier com a audiodescrição.

– Alisson Santos com a gravação. 

– Videomaker: Julio Melo. 

– Designer: Murilo Silva.

– Web designer: Saulo Ferreira   

– Apresentação e produção da jornalista Josi Marinho. 

– No nosso canal do Youtube, nossos episódios estão traduzidos em Libras – Língua Brasileira de Sinais pela tradutora Ewelyn Xavier  

– Coordenação geral e reportagem do jornalista, documentarista e produtor cultural, Salatiel Cícero.  

A gente te espera no próximo episódio !!!! Até lá!!!